O ex-Presidente angolano (PR, José Eduardo dos Santos, negou, quarta-feira, 21, ter deixado a Presidência com os cofres vazios, garantindo que deixou, pelo menos, 15 mil milhões de dólares ao Executivo que lhe sucedeu, contrariamente às declarações do seu successor, João Lourenço.
“Não deixei os cofres do Estado vazios. Em Setembro de 2017, na passagem de testemunho, deixei 15 mil milhões de dólares no Banco Nacional de Angola (BNA) como reservas internacionais líquidas a cargo do um gestor que era o governador do BNA sob orientação do Governo”, disse.
Numa declaração aos jornalistas, sem direito a perguntas, na sede da Fundação Eduardo dos Santos, em Luanda, o antigo Presidente afirmou a necessidade de “prestar alguns esclarecimentos” sobre a forma como conduziu a coisa pública, durante os 38 anos de Governo.
Numa entrevista, no sábado, 17, ao jornal português “Expresso”, o Presidente angolano, João Lourenço disse que quando assumiu o poder encontrou os cofres vazios ou a serem esvaziados.
Segundo Eduardo dos Santos, o Orçamento Geral do Estado é aprovado pela Assembleia Nacional (Parlamento) e todas as receitas e despesas do Estado devem estar obrigatoriamente inscritas.
“O OGE de 2017 tinha um défice de 6% e a cobertura desse défice era suportada com a venda de títulos do tesouro aos bancos comerciais, dívida que tinha de se pagar mais tarde com juros e o dinheiro depositado no tesouro”, justificou Eduardo dos Santos, respondendo às acusações feitas por João Lourenço.
O ex-PR José Eduardo dos Santos, revelou, ainda, que deixou um Orçamento de Estado pronto para o actual Chefe de Estado, João Lourenço, mas este preferiu elaborar um novo documento, atrasando o processo habitual.
A declaração de Eduardo dos Santos foi feita instantes após o avião do Presidente angolano ter partido para Portugal, onde realiza uma visita de Estado de três dias: de 22 a 24 de Novembro.