Os casos de suicídio mal relatados ou relatados de forma inadequada podem dar origem a novos suicídios. A constatação é do psicólogo da Organização Mundial da Saúde (OMS), José Teixeira.
Este responsável falava na quinta-feira (15), na ilha de Santo Antão, no âmbito de um encontro de troca de experiências sobre saúde mental promovido por aquele organismo e a AJOC.
“No caso de suicídio, que esta dentro do plano de saúde mental e que não é uma doença contagiosa, digamos, mas temos evidencias de que um caso de suicido mal relatado ou relatada de forma inadequada, com informações desnecessárias e irrelevantes, leva em vários contextos a que o suicídio se multiplique”, disse José Teixeira.
Para este especialista o suicídio é um problema colectivo, pelo que a abordagem e responsabilidade não se deve restringir apenas aos serviços de saúde, ou então pela família afectada. Neste sentido o jornalista assume um importante papel.
“O trabalho com o jornalista deve ser também um trabalho a nível comunitário, é procurar fontes seguras, procurar ser sensível no tratamento da informação e de certa forma seguir orientações que hoje são muito precisas, que tem a ver com não divulgar métodos utilizados, não divulgar fotografias do cenário do suicídio, porque tudo isto acaba empurrando a pessoa que esteja a sofrer, que esteja a pensar no suicídio como uma solução, a consumar o acto”, acrescentou.
A delicadeza dos casos de suicídio faz com que mesmo os profissionais de saúde enfrentem dificuldades em passar as informações. Assim avançou que o profissional de saúde precisa de muitas vezes trabalhar adequadamente a informação internamente.
“O imediatismo que se pede no jornalismo não casa bem com a necessidade de informar, de trabalhar a informação para que seja útil para o impacto da informação. Isto vai ser um desafio, um jogo de cinturas que temos de certa forma que gerir”, concluiu.