Dezenas de pessoas, incluindo muitos descendentes da comunidade judaica de Cabo Verde, reuniram-se na Ribeira Grande de Santo Antão, na terça-feira (6), no âmbito da inauguração dos dois cemitérios judaicos recentemente restaurados naquele município.
A cerimónia contou com as presenças de membros do governo, dignitários dos Estados Unidos e Israel e o rabino chefe de Lisboa.
A restauração dos dois cemitérios judaicos representam uma homenagem a memória dos judeus sefarditas que imigraram para Cabo Verde a partir de Marrocos e Gibraltar no século XIX.
O presidente da Assembleia Nacional cabo-verdiana, Jorge Santos, que esteve presente, falou com orgulho das muitas famílias judias que contribuíram para o desenvolvimento económico da ilha, particularmente na área da agricultura.
A Presidente do Projecto de Património Judaico de Cabo Verde, Carol Castiel, elogiou os parceiros cabo-verdianos e os muitos descendentes dos judeus que auxiliaram na concretização da restauração dos cemitérios. O financiamento foi assegurado por Carol Castiel, através de uma doação do rei Mohhamed, do Marrocos.
No decorrer da inauguração, o rabino-chefe de Lisboa, Natan Peres, ofereceu as tradicionais orações hebraicas (Hascaba), pelas 14 almas enterradas nos cemitérios da Ponta do Sol e da Penha de França.
A Embaixada dos EUA é uma das fortes parceiras dos Projecto de Património Judaico de Cabo Verde. Na cerimónia esteve representada pela encarregada de negócios, Marissa Scott.
Daniel Ascheim, encarregado de negócios da Embaixada de Israel em Dakar, que está de visita a Cabo Verde pela primeira vez, disse que “foi uma verdadeira honra representar Israel, o Estado Judeu, nesta importante e emocionante cerimónia de dedicação, comemorando a rica herança judaica, cultura e história de Cabo Verde. Graças ao projeto de herança judaica de Cabo Verde, a história desta comunidade será sempre lembrada. ”
Os cemitérios de Santo Antão são o segundo e o terceiro dos quatro previstos para serem restaurados pelas autoridades cabo-verdianas com financiamento do Projecto de Património Judaico de Cabo Verde (CVJHP).
“Os judeus sefarditas que vieram para Cabo Verde no século XIX, principalmente de Marrocos e Gibraltar, eram um pequeno grupo, mas eles e seus descendentes tiveram um tremendo impacto no desenvolvimento do país”, disse Carol Castiel, presidente e fundadora do Projecto de Património Judaico de Cabo Verde.
Castiel, que trabalha na rádio Voz da América, prevê a publicação de um livro sobre a presença judaica no ano que vem. “Os judeus de Cabo Verde e seus descendentes faziam parte integrante da identidade multicultural e multiétnica de Cabo Verde.
“Os nossos esforços para restaurar e preservar cemitérios judaicos em Cabo Verde não só ajudarão a documentar este capítulo quase esquecido da história de Cabo Verde, mas também contribuirão para a promoção do turismo cultural, uma fonte potencial de receita importante para o arquipélago”, concluiu.