O assunto não é novo e já foi abordado a fundo pelo jornal A NAÇÃO impresso em várias edições, dando conta que a criação de uma base naval no âmbito do acordo SOFA, entre os Estados Unidos da América e Cabo Verde, pode vir a ser uma realidade.
Agora, o canal português TVI 24 aborda também o assunto numa reportagem intitulada “Cabo Verde pode abrigar base naval norte-americana Verde”.
A reportagem assinada pelo jornalista e escritor Miguel Sousa Tavares (MST), que esteve recentemente no país para participar no festival literário Morabeza, que decorreu na ilha de São Vicente, diz que a base naval americana poderá ser uma realidade “num futuro próximo”.
A reportagem diz que “por ora”, a ideia de que Cabo Verde poderá vir a albergar uma base naval americana, num futuro próximo “é apenas uma hipótese” ou “uma suspeita, negada por uns, quase garantida por outros”.
“Mas é o que parece indicar o recente acordo de Defesa celebrado entre os dois países e que poderá dar aos Estados Unidos uma posição estratégica no Atlântico Sul”, lê-se na sinopse da reportagem disponível no site da TVI24.
A reportagem de Miguel Sousa Tavares, em Cabo Verde, mostra imagens da ilha de São Vicente, servindo de mote para caracterizar a realidade social e económica do país abordando a escassez de água e a falta de chuva como condicionantes da agricultura, dizendo mesmo que a água dessalinizada tem “um custo exorbitante”.
Na peça jornalística MST diz que Cabo Verde sobrevive de três fontes de rendimentos: “as remessas dos seus emigrados”, “as crescentes receitas do turismo, sobretudo no Sal e Boa Vista” e a “ajuda externa”.
A taxa “assustadora” de desemprego jovem, não passou despercebida ao trabalho jornalístico de MST, nem o acordo SOFA. Entre os entrevistados do jornalista esteve o Presidente Jorge Carlos Fonseca que reiterou não haver “nenhuma inconstitucionalidade” nesse acordo e que a “Constituição” cabo-verdiana “proíbe categoricamente a instalação de bases estrangeiras no país.”
Porém MST alerta na reportagem que as “Constituições mudam-se” sobretudo quando existem maiorias nos Parlamentos”, sobretudo a “mesma maioria que permitiu aprovar o acordo sem votos contra”.
MST fala ainda da “imunidade permanente e criminal” dos militares americanos em Cabo Verde e questiona: “Para que quereriam os EUA essa imunidade permanente senão estivessem a pensar ficar aqui e também de forma permanente?”.
Já o embaixador jubilado Luís Fonseca questionou a “real necessidade” de um acordo destes para Cabo Verde e que o arquipélago não tem, neste momento, “necessidade” de ser protegido, “seja por quem for” e que o “principal objectivo” deste acordo é que os EUA venham a ter uma base naval no arquipélago.
A reportagem diz ainda que há um preço a “pagar” pelo acordo SOFA, um preço que os “açorianos da ilha terceira bem sabem”.
“Os americanos instalam-se, fazem do perímetro à volta da base aquilo que querem e partem quando querem sem aviso prévio”.
GC