Por: Dra. Matshidiso Moeti*
Em 24 de Outubro, a Organização Mundial de Saúde (OMS) irá juntar-se a milhões de pessoas ao redor do mundo para assistir ao Dia Mundial da Pólio (Poliomielite), que visa galvanizar apoio para acabar com a Pólio, uma doença incurável mais completamente evitável através da vacinação, que ainda ameaça as crianças em alguns lugares do mundo.
Desde o lançamento da Iniciativa Global de Erradicação da Pólio (GPEI) há quase 30 anos, os novos casos tem descido em mais de 99,9 por cento (%), passando de 350 mil casos a cada ano em mais de 125 países afectados, para 22 casos de Pólio selvagem em dois países afectados.
A Região Africana fez um tremendo progresso em direcção à erradicação da Pólio. Em 2012, a Região foi responsável por mais da metade da carga global da Poliomielite, mas os casos de Pólio caíram em forma constant, desde 128 casos em 2012, para quatro casos em 2016, para zero casos em 2017 e 2018.
A Região Africana atingiu, agora, um marco importante para a erradicação – já passaram mais de dois anos desde o último caso de Poliovírus Selvagem. Aplaudo os excelentes esforços dos governos, parceiros, comunidades, pais e profissionais de saúde em alcançar este ponto magnífico; a erradicação do Pólio.
No entanto, não é hora de ser complacente. Até que a Poliomielite seja erradicada, todos os países permanecem em risco de surtos.
Como Região, a Africa só poderá certificar a erradicação de Pólio depois de três anos sem casos confirmados de Poliovírus Selvagem, e se a vigilância da Poliomielite for mantida no nível requerido para a certificação.
Se não tivermos nenhum novo caso confirmado, e a vigilância for rapidamente reforçada, a Região Africana pode ser certificada como tendo erradicado a Poliomielite até ao final de 2019 ou início de 2020.
Como Região, nossos esforços de vigilância precisam ser ainda mais fortalecidos.
Vários países têm vigilância sub-óptima, tanto em áreas seguras quanto inseguras. Será um desastre se não formos certificados, por causa do fraco desempenho em termos de monitoramento.
Peço a todos os países – se tiverem um caso de Poliomielite ou não – que reforcem, urgentemente, a vigilância.
Além disso, tal como acordado na 71ª Assembleia Mundial da Saúde (AMS), em Maio de 2018, apelo a todos os Estados-Membros a implementar a contenção de Poliovírus e de potenciais materiais infecciosos de Poliovírus, conforme o Plano de Acção Global (GAP III), em tempo oportuno, para evitar qualquer vazamento de Poliovírus no ambiente e populações que possam resultar em efeitos catastróficos e reversos aos ganhos na luta pela erradicação.
Os progressos na contenção dos poliovírus pelos Estados-Membros serão apresentados na próxima AMS, em Maio de 2019.
A Região Africana tem confirmado a circulação de Poliovírus derivados de vacinas (cVDPV) em alguns Estados-Membros, e tem atribuído isto a uma pobre rotina nos serviços de imunizações.
Em 2017, a Declaração de Addis Abeba sobre Imunização foi endossada pelos Chefes de Estado na União Africana.
É um chamado aos governos para investir ainda mais em serviços de imunização que são chave para parar o surgimento de cVDPVs, assegurando os ganhos para a erradicação da Poliomielite e certificação da erradicação da Pólio.
A erradicação da Pólio requer compromisso político e recursos adequados.
A OMS assegura a todos os Estados-Membros o seu apoio dedicado.
Estamos perto de acabar com a Pólio.
Eu convido a todos os países a trabalhar juntos para assegurar que isto se torne realidade e a Região Africana seja declarada livre de Pólio no final de 2019 ou início de 2020.
Vamos todos fazer parte dessa conquista histórica.
*Directora-Regional da OMS para África