“Mundo Nôbu” é o novo álbum de Dino d´Santiago. Com a chancela da Sony Music, lançado esta sexta-feira,19, nas plataformas digitais. Nele, o artista cruza o contemporâneo e o tradicional, que se harmonizam para dar uma nova cor sonora aos ritmos de Cabo Verde. Uma nova forma de sentir o Funaná Lentu, o Batuku, a Morna e a Coladera.
O primeiro “single”, que foi lançado no Verão passado, “Nova Lisboa” já fazia antever um álbum mais enérgico, neste “Mundo Nôbu”, mas não menos sentimental que “Eva”, o último trabalho discográfico de Dino d’ Santiago, uma homenagem às suas origens crioulas. Aqui num registo mais acústico.
Agora, em “Mundo Nôbu”, Dino optou por dar uma roupagem mais electrónica, tendo como base a música tradicional de Cabo Verde. Um contraste quase que por completo com o álbum anterior, “Eva”, assente nos ritmos e sonoridades mais tradicionais.
“Faz muito tempo que sou esse mar de contrastes, viajando entre o mais acústico e o electrónico”, diz Dino d’ Santiago em exclusivo ao A NAÇÃO. “Começa em 2008 com o álbum ‘Eu e os Meus’, Funk e Soul, todo orgânico, passando para um contraste oposto, em 2010, com os ‘Nu Soul Family’”.
“O ‘Eva’ é, sem dúvida, o meu agradecimento às dez ilhas e às minhas raízes, por me terem descoberto, quando eu achava que ia à descoberta delas. Hoje, com o ‘Mundu Nôbu’, depois de ter viajado por todos os continentes – à excepção da Oceânia! -, posso dizer que encontrei o meu som, a minha estética, fruto de toda a aculturação que me envolveu nos últimos anos”, acrescenta.
Foi em Cabo Verde que Dino diz ter tido a “felicidade” de encontrar a sua voz, “reconhecendo” no Crioulo “a expressão” da sua alma. “Somente canto o que sinto, enquanto que, em Português ou Inglês, canto palavras que só depois vou sentindo”, garante.
Missão
Agora, com “Nundo Nôbu”, o artista conta que sentiu a “necessidade” de deixar a sua marca na história da música de Cabo Verde. “Foi, sim, uma necessidade de alma de cumprir a minha missão com as novas gerações! Abrir uma porta, onde o contemporâneo casa e harmoniza com o tradicional de forma bastante natural. E dar a conhecer uma nova forma de se sentir o Funaná Lentu, o Batuku, a Morna e a Coladera”.
Aliás, esse foi o “grande” desafio que esteve por detrás dos três anos de preparação deste novo álbum. Uma preparação que diz ser “muito introspectiva”, e que pretende levar ao mundo “uma nova cor sonora”, mantendo a génese da mensagem que as suas músicas sempre têm edificado.
Numa pré-crítica ao álbum, o angolano Kalaf Epalanga, músico e escritor, fala de um trabalho transnacional, onde “cabe toda a vida de Dino”.
“Todo o seu passado revelou-se fundamental para a criação de ‘Mundu Nôbu’, um álbum consciente das estruturas fundadoras da música cabo-verdiana, ao mesmo tempo que expõe o futuro que poderemos vislumbrar com o aproximar entre da tradição à música electrónica de apelo global. Este é um álbum transnacional, com ventos da Praia, Luanda, Nova Iorque, Berlim e Londres a soprarem na direcção de Lisboa, a cidade-casa que tem o Crioulo como a sua segunda língua oficial”, garante Kalaf Epalanga.
Kalaf descreve Dino como um “cantautor, com voz melodiosa, suportada por um som de vanguarda”, que “nos devolve toda a poesia do quotidiano, onde os sentimentos de sensualidade e de alegria se confundem com os de melancolia”.
“Mundu Nôbu” é composto por dez faixas e contou com a produção de Seiji e produção-executiva de Kalaf Epalanga e do próprio Dino d’Santiago. O trabalho conta, ainda, com a parceria de Branko & Pedro da Enchufada, o nova-iorquino Rusty Santos e o cabo-verdiano Loony Jonhson, também a residir em Portugal.
Pé na estrada
O álbum já se encontra em “pré-venda”, na FNAC, e as primeiras 200 encomendas contam com a oferta de uma serigrafia original concebida pelas mãos do próprio Dino d´Santiago, que tem, também, um talento nato para o desenho.
Depois do lançamento oficial do dia 19, segue-se a apresentação ao vivo, no dia 27 de Outubro, na Enchufada na Zona, no Hard Club, na cidade do Porto (Norte de Portugal). Uma cidade da qual Dino guarda “boas memórias”, da época de “Nu Soul Family”. Outras datas estão já previstas, mas para Cabo Verde ainda não previsões para podermos assistir ao vivo a este “Mundo Nôbu”.
Gisela Coelho