O ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Abraão Vicente, classificou hoje de “ofensivas” as declarações do presidente da AJOC, segundo as quais o Governo “condiciona os jornalistas” com “instrumentalização” e escolha de “comissários políticos.
Abraão Vicente, que tem a tutela da comunicação social, salientou que tais declarações interpelam os próprios jornalistas, já que conforme frisou, o Governo não está nas redacções e não tem como condicionar as linhas editoriais com disse hoje Carlos Santos, na abertura conferência “Desenvolver a promessa democrática: reforçar a formação mediática e o combate à desinformação em Cabo Verde”.
“Portanto, não nós interferimos na feitura das notícias e na escolha das linhas editoriais. Eu vejo isso apenas como uma provocação. Dizer que há comissários políticos e que há condicionamentos políticos nas linhas editoriais interpela aos jornalistas e não ao Governo”, disse.
No que se refere à escolha dos membros do conselho de administração das empresas, Abraão Vicente adiantou que as escolhas foram feitas como sempre se fez em Cabo Verde.
Entretanto, adiantou que o Governo está disponível para rever o modelo dessa escolha, e sublinha que os conselhos de administração não dirigem os órgãos de comunicação social que têm um director, um chefe de informação e agora, um conselho de redacção.
Abraão Vicente admitiu que nos dois anos de mandato de governação houve alguma crispação entre o Governo e os órgãos da comunicação social, mas adiantou que o executivo não quer alimentar mais essa crispação, estando está aberto para o diálogo.
“Não há da parte de Governo nenhum interesse que haja crispação, e, perante as declarações do presidente da AJOC, que considero até ofensivas para com o Governo, eu quero abrir e alargar o diálogo com todos os agentes para que esse diálogo seja público e seja, sobretudo, transparente e não susceptível da interpretação de cada um dos actores que estão fora da mesa das negociações”, anunciou.
Neste sentido, indicou que o Governo propõe um encontro alargado com todos os jornalistas e profissionais do sector no sentido de auscultar os mesmos e de onde deverá sair um documento base, onde os jornalistas possam apresentar as perspectivas em relação do sector e propor medidas que deve o Governo tomar para melhorar o exercício da profissão de jornalismo e a cotação de Cabo Verde no ambiente internacional.
No que refere ao código de conduta da RTC (Rádio Televisão Cabo-verdiana), que o presidente da AJOC diz ser uma iniciativa da tutela para afrontar os jornalistas da rádio e televisão públicas, Abraão Vicente negou que esse documento é uma proposta do Governo, afirmando que os próprios regulamentos internos incluem essa possibilidade.
Entretanto, o ministro desafiou a AJOC a apresentar ao conselho de administração da empresa um “documento limpo” e que não fira a constitucionalidade para ser negociada.
Da parte do Governo há disponibilidade para mediar essa negociação.
“Nós damos a total garantia que da parte da Governo há toda a disponibilidade e deve haver a disponibilidade do conselho de administração para uma negociação plena”, disse o ministro no final da conferência.
Inforpress