O ambientalista José Melo manifestou-se hoje à entrada da feira Expomar, no Mindelo, “descontente” com a política governamental para o sector das pescas e por ficar em causa, “a cada dia que passa”, a protecção do “nosso ecossistema”.
José Melo, que é fundador da Biosfera I e seu ex-presidente, avisou aos jornalistas que se encontrava ali “apenas” como “cidadão cabo-verdiano eleitor” descontente com a política governamental para o sector das pescas.
Ostentando dois cartazes, um em cada mão, José Melo posicionou-se a escassos metros do secretário de Estado da Economia Marítima, Paulo Veiga, no momento em que este chegou ao local para presidir às cerimónias comemorativas dos 25 anos da Guarda Costeira.
Para o activista, a área das pescas encontra-se “sem medidas há mais de 20 anos”, mas necessita de “muitas”, a primeira das quais, ajuntou, passa pelo início da fiscalização.
“Temos muitas leis que podem ser utilizadas na mitigação dessa pesca completamente desenfreada em Cabo Verde, não só de estrangeiros, mas também dos cabo-verdianos que têm efectuado pesca destrutiva”, condenou Melo, para quem é preciso “parar de falar mentiras” na rádio e na televisão e colocar na prática a fiscalização.
“Veja o número de navios da Guarda Costeira nesta demonstração e pergunta-se quantas vezes já se deslocaram a Santa Luzia, Ilhéu Raso, costa de Santo Antão e aos bancos de pescas para constatar o que lá se passa”, questionou o activista.
Para ele, o Governo continua a falar da economia azul, a falar da política de pesca sustentável, mas não vê “uma única medida” de pesca sustentável tomada por este executivo.
“A única política de pesca que tem sido feita até à data de hoje é enganar as comunidades piscatórias com ofertas de botes ou motores fora de borda, de vez em quando, ou ainda a construção de uma fabriqueta de gelo”, lançou “mais nada, rigorosamente mais nada” reforçou.
Por isso, José Melo pediu ao ministro da Economia Marítima e ao secretário de Estado Adjunto e, “principalmente”, ao director da Economia Marítima, para se demitirem.
“Têm mostrado total incompetência na matéria das pescas, mas podem ser competentes em outras áreas, menos nas pescas”, concluiu sempre em tom crítico.
Fonte: Inforpress