PUB

Boa Vista

Os acusados de assalto ao BCN na Boa Vista começam a ser julgados esta segunda-feira

Os quatro indivíduos supostamente envolvidos no assalto ao balcão do Banco Cabo-verdiano de Negócios (BCN), ocorrido no mês de Dezembro de 2017, na ilha da Boa Vista, começam a ser julgados esta segunda-feira, no processo denominado “A Missão”.

De acordo com o auto de acusação do Ministério Público, proferido no dia 27 de Abril, “com os olhos fixos no dinheiro” e nos outros bens que se encontravam no BCN, os supostos assaltantes, Fredson da Cruz (Fredson), Adilson Monteiro (Ady), “ambos com ficha suja” no Tribunal, Evener de Pina (Player) e Flávio Rocha (Flávio) premeditaram cada detalhe a fim de apoderarem-se desses bens.

Segundo consta no auto, para a execução desse tipo de crime, cada detalhe era fundamental e exigia equipamentos e arma sofisticados.

Sendo assim, explica a acusação, dias antes do assalto, surgiu a ideia de furtar uma arma que possa causar pânico e terror e de uma viatura.

E no que toca à arma utilizada, o MP adianta que o agente da PN Flávio Rocha entrou em cena, a pedido do seu amigo Fredson da Cruz, dando, na primeira quinzena de Dezembro, o primeiro passo, sumindo com o AKM da esquadra da Boa Vista.

Arma essa, que conforme a Infopress conseguiu apurar, desapareceu durante o turno de serviço do policial, mas que não foi visto por demais colegas.

O Ministério Público acredita, supostamente, que depois de furtar a arma, Flávio ligou para Fredson que, de seguida, foi buscar a referida arma no seu posto de trabalho, escondendo-a num local seguro, até o momento exacto da missão.

Já na posse da arma e de uma viatura roubada ao pessoal da Operação Cadastro Predial, a missão começou-se a desenhar no horizonte com mais facilidade e deu-se início à divisão das tarefas entre si, adianta a acusação.

Entretanto, conforme está espelhado no auto de acusação, o agente da segunda classe da Polícia Nacional, Flávio Rocha, inicialmente indiciado apenas de roubar a arma AKM-47, na esquadra da Boa Vista, não só tinha conhecimento do esquema do assalto, como lhe coube também o papel de fiscalizar o terreno e ordenar o horário de ataque aos outros elementos Fredson, Ady e Player.

A acusação adianta que no dia 29 de Dezembro, estando Flávio já na praça Santa Isabel, percebendo-se da pouca movimentação no banco e da ausência dos agentes que se encontravam no seu terceiro dia de greve, Flávio ligou para Fredson e disse que já é o momento de ataque ou de entrar em acção.

Minutos depois, presumivelmente, Ady, Fredson e Player chegaram numa viatura branca (roubada nas vésperas do assalto), trajados com batina, encapuzados, com luvas, munidos de AKM e catana (machim) entraram no banco, ordenando a todos, incluindo funcionários e clientes que deitassem no chão e ameaçando-os de morte , caso alguém tentar reagir ou ligar para a polícia.

De seguida, explica o auto de acusação, abriram uma mochila e colocaram todo o dinheiro que se encontrava na caixa, isto é, mais de mil contos em escudos e cerca de 350 mil euros, além de vários documentos, cartão de banco e outros objectos.

De acordo com o Ministério Público, o dinheiro da caixa parecia não ser suficiente para os assaltantes, que queriam mais, daí que, “com muita agressão”, obrigaram o funcionário a abrir o cofre, mas “pelas suas infelicidades”, a pessoa que estava à guarda da chave, do cofre, tinha-se ausentado para o almoço, poucos minutos antes do assalto.

“Talvez inconformado com a quantia arrecada, os meliantes puseram-se em fuga, mas antes tiveram a habilidade de atirar pelos ares, com o referido AKM, deixando a cidade de Sal Rei em pânico”, lembra o Ministério Público

A acusação avança que, de seguida, os presumíveis assaltantes dirigiram-se para a zona de vila de Cabral, onde abandonaram a referida viatura e seguiram a viagem, já na viatura pertencente ao arguido Fredson.

De acordo com a acusação do Ministério Público, a quantia roubada no banco, de que não se sabe ainda qual o seu paradeiro,” apesar dos esforços das autoridades”, sabendo-se apenas que foi dividida em quatro partes iguais, presumivelmente entre os actores “deste filme”: Fredson, Flávio, Ady e Player.

A “festa dos supostos gatunos”, esclarece a acusação, não demorou muito, sublinhando que logo, no dia seguinte, a PJ, numa operação conjunta com a PN, deu inicio às suas detenções, começando pelo arguido Flávio, sobre quem recaiu a suspeita do desaparecimento do AKM desde a primeira hora, de seguida Ady e Fredson, num dos povoados, no norte da ilha.

A detenção do último suspeito aconteceu depois da audição dos três referidos arguidos.

Apresentados ao Tribunal da Comarca da Boa Vista, foram-lhes ordenados que aguardassem o julgamento atrás das grades.

Salienta-se que os elementos arrolados no assalto ao BCN foram transferidos para cadeia do Sal, com excepção de Adilson Monteiro (Ady), que permaneceu na esquadra da Boa Vista.

Ao que a Inforpress conseguiu apurar, este último ainda vai responder por vários outros crimes, nomeadamente o de roubo no Scuba Caribe, onde desapareceu o montante de cerca de sete mil contos.

Entretanto, esses meliantes estão a ser acusados de dois crimes de roubo com violência contra pessoas agravado, crime de furto qualificado, um crime de roubo com violência sobre coisa agravada, furto de veículo, crime de disparo de arma de fogo, dois crimes de armas (branca e de fogo), uso não autorizado de veículo e crime de danos.

O arguido Fredson da Cruz, detido na posse de uma pequena quantia de droga, vai responder ainda pela prática de um crime de tráfico de estupefacientes, de menor gravidade.

C/Inforpress

PUB

PUB

PUB

To Top