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Sociedade

Santa Catarina: Consumo de MD aumenta nas noitadas da Assomada

O consumo do químico MD (Michael Douglas), também conhecido por “Xipa”, está em alta entre os jovens de Santa Catarina. Por causa disso, vários consumidores já foram parar às urgências dos serviços de saúde. Alertadas, as autoridades dizem-se atentas.

A “febre” do consumo da substância química conhecida por MD (Michael Douglas), nas noitadas e festas entre jovens e adolescentes de Santa Catarina, está a revelar-se preocupante. Em conversa com o A NAÇÃO, alguns consumidores de “Xipa”, confessam terem usado a substância de forma consciente. Outros por mera curiosidade.

Mas há também casos de gente que é dopada, sem o saber disso, por colegas da paródia e até por funcionários dos bares, na zona de São Bento, que aproveitam para subtrair carteiras e joias, sobretudo aos emigrantes.

Conforme os jovens que aceitaram conversar com A NAÇÃO, parte das vítimas são do sexo feminino, dado que “há rapazes que oferecem bebidas misturadas com MD às moças, e estando sob o efeito da droga, elas começam a delirar e a dançar sem parar. Algumas até tiram a roupa e outras desmaiam”, conta uma testemunha.

Por outro lado, as nossas fontes avançam que há jovens que já estão habituados a consumir MD ao ponto de competirem entre si, para verem quem “aguenta” mais quantidade do produto, sem delirar. “A substância é dissolvida em bebidas alcoólicas, sumo e água”, afirma a mesma fonte.

Um dos jovens relata que no “Summer fest”, realizado recentemente na antiga EMPA da Assomada, um amigo deu-lhe uma garrafinha de água para segurar, uma vez que estava a dançar, e como fazia muito calor bebeu um pouco da água… “De repente, comecei a sentir algo estranho e fiquei ainda com mais calor no que bebi mais água. Comecei a sentir-me mal e saí para a rua, para tomar ar fresco e fui acordar no meio de uns carrapatos (sisal), lá para as bandas de Pedra Barros. E nem sei como fui lá parar, porque não me lembro, simplesmente”, conta.

Efeitos

Os usuários relatam que, ao consumirem o MD, na hora, sentem a sensação de euforia, boa disposição e valentia. Contudo, admitem que, no dia seguinte, sentem o corpo indisposto e dores de cabeça. “O pior é que a gente nem se recorda do que fez durante o tempo em que estivemos ‘xipados’. O efeito, por vezes, demora 24 horas, dependendo da quantidade de xipa e do tipo de bebidas que se ingere. Mas também depende, igualmente, da natureza do usuário. Há casos de colegas que já foram parar ao hospital por causa de alucinações e começou ver fantasmas”.

Os jovens revelaram ainda ao A NAÇÃO que compram cada dose de MD por 500 escudos em particulares, na cidade da Assomada, e suspeitam que produto vem do Brasil e da Europa, dissimulado em vasilhas de medicamentos e outras formas.

Autoridades alertas

Contactados pelo A NAÇÃO, tanto a Delegada de Saúde como o Comandante da Esquadra de Polícia em Santa Catarina dizem que já ouviram falar sobre o assunto no concelho.

A delegada Elisangela Tavares afirma que teve conhecimento da entrada de alguns pacientes nos serviços de urgências no concelho, com indícios de terem ingerido a substância em causa. E acrescenta que enviou um alerta às autoridades policiais no concelho, no sentido de investigarem o caso.

Por seu turno, o comandante Afonso Tavares confirma que recebeu a notificação da delegada de saúde dando conta da suspeita de utilização de alguma substância ilícita e prejudicial por parte de certas pessoas.

“Ainda não temos registo formal de nenhuma queixa das vitimas. Mas estamos atentos à situação, até porque já ouvimos relatos de alguns casos, sobretudo de estudantes, e que essas substâncias deixam as pessoas alteradas. Isso pode ser considerado um crime, uma vez que coloca em causa a saúde pública”, avisa.

Contudo, esse comandante da PN afirma que é necessário uma análise científica do produto em causa para que a polícia possa ter uma actuação com mais clareza. “Ainda não prendemos ninguém porque não temos registo de nenhuma queixa e nem encontramos pessoas na posse dessa substância suspeita. Estamos atentos, no dia em que detivemos alguém com esse químico vamos solicitar um exame e as medidas penais devidas vão ser assacadas se for o caso”, conclui.

Silvino Monteiro

 

 

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