A presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV-oposição), Janira Hopffer Almada, pediu hoje ao Governo que assuma a sua responsabilidade e que não transforme o Estado de Cabo Verde em refém de nenhuma empresa privada.
Janira Hopffer Almada falava aos jornalistas à margem do II congresso autárquico do PAICV, a decorrer na Cidade da Praia, quando foi instada a comentar a reacção do Governo face ao posicionamento da Binter Cabo Verde perante a actualizaçao das tarifas máximas dos voos inter-ilhas, por parte da Agência de Avião Civil (AAC).
“O primeiro-ministro deve recordar que ele tem o mandato para governar o país. Nós somos um país-ilha, um arquipélago e os transportes inter-ilhas fazem parte da coesão nacional e da garantia da mobilidade dos cabo-verdianos”, sublinhou.
A líder do principal partido oposição adiantou que a “a falta da transparência” nos acordos com a Binter foi denunciada desde a primeira hora pelo PAICV, apelando ao Governo que priorize os interesses dos cabo-verdianos.
“Portanto, nós apelamos ao Governo que assuma as suas responsabilidades e não transforme o Estado em refém de nenhuma empresa privada, mas sobretudo que priorize e garanta e salvaguarda os interesses dos cabo-verdianos”, realçou.
Hoje, o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, escusou-se a comentar o posicionamento da Binter e disse que não vai alimentar “essa novela”, referindo aos comunicados da Binter e da AAC, adiantando que o posicionamento do Governo está num comunicado enviado à imprensa
No documento que chegou às redações posteriormente, o executivo garante que está empenhado a criar todas as condições para Cabo Verde ter mercado livre e competitivo ao nível dos transportes aéreos inter-ilhas, por forma a continuar a melhorar a qualidade dos serviços prestados.
“O Governo tudo fará, e está preparado, para garantir a continuidade dos serviços de transportes inter-ilhas em quaisquer circunstâncias. Preferencialmente, num ambiente de concorrência”, refere o comunicado
O documento acrescenta ainda que sendo este mercado regulado e existindo uma autoridade de
regulação independente, qualquer desentendimento entre a operadora e o regulador, deve ser dirimido entre ambos, nos termos da lei e dos regulamentos em vigor.
Entretanto, na quinta-feira, 27, o secretário de Estado das Finanças, Gilberto Barros, adiantava que está fora de questão a subsidiação da Binter Cabo Verde, única transportadora a realizar os voos inter-ilhas, pela via do Orçamento do Estado.
Recorde-se que no dia 25, a Binter Cabo Verde, num comunicado, disse que ficou “gravemente
prejudicada” com a redução das tarifas dos voos domésticos, conforme avançada pela AAC, e mandou suspender a venda dos bilhetes a partir de 28 de Outubro.
Entretanto, no dia seguinte, num novo comunicado, informa que reabriu a vende de bilhetes para além do dia 28 de Outubro, após reunir-se com a Agência da Aviação Civil (AAC) e pedir a reavaliação do quadro tarifário das passagens.
C/Inforpress