Augusto Neves admitiu que os primeiros dois anos do actual mandato foram “praticamente de preparação”, mas de “muito trabalho, também”, e que estão agora “criadas as condições” para um “salto de qualidade” nos próximos dois anos.
Em entrevista à Agência de notícias, Inforpress, o presidente da Câmara Municipal de São Vicente falou em “condições ambicionadas”, mas que “não teve no passado”, e dos “grandes planos” que vai começar a executar, com outros, entretanto, já em curso.
Para demonstrar que “os tempos são outros”, numa crítica ao anterior Governo do PAICV, que terá “abandonado a ilha”, Neves começou por incidir nas “grandes obras” do Governo e que “vão marcar” o resto do seu mandato.
“Já falámos bastante da estrada cidade-Baía das Gatas, que já está a acontecer, há a requalificação da estância balnear da Baía das Gatas e o terminal de cruzeiros”, enumerou, mas, sintetizou, “sem dúvida” que o “grande projecto” será a Zona Especial de Economia Marítima de São Vicente (ZEEM).
“Os estudos do projecto estão bastante avançados, e trata-se de uma obra que vai trazer um novo estaleiro naval, novo cais de pesca, novas indústrias de pescado, concentrados na zona de Saragaça, e refinarias”, concretizou o autarca, que lembrou que se trata de uma obra para acontecer em 10/15 anos, mas que “vale a pena potencializar”, pois vai trazer uma “nova centralidade” à ilha.
Ademais, acrescentou, a câmara já se encontra a trabalhar no Plano Detalhado (PD) daquela zona.
Sobre as obras da autarquia propriamente ditas, Neves promete continuar a investir no ambiente e no saneamento da ilha, trabalhar o “grande plano de requalificação da cidade”, com o restauro do património construído, e, internamente, “todo um trabalho de reorganização da câmara”, em curso, com a aprovação do regulamento interno, na sequência da criação de novos serviços, como as direcções de contabilidade e da cultura.
O “empenho da autarquia” deve fazer-se notar nos próximos dois anos, segundo a mesma fonte, na área da cultura, com a continuação dos apoios “para empoderar” os grupos de Carnaval, visando um melhor desfile, como forma de atrair mais turistas e movimentar a economia, a mesma coisa, referiu, com os festivais de música, com “boas parcerias e engajamento” das empresas e bancos que “ajudam sempre”.
Até porque, assinalou, a câmara vai mandar fazer um estudo para mostrar aos sanvicentinos a importância dos eventos culturais para a economia da ilha, pois, sustentou, a sensação é a de que a ilha aguenta porque existem esses eventos pela forma como movimentam a economia local.
A habitação tem sido uma outra área em destaque nos planos da câmara, segundo Augusto Neves, que nomeou a recuperação de “mais de 200 casas”, em parceria com o Governo, a entrega de blocos de casas no Madeiral, em Pedra Rolada, no Campim, Ribeirinha, ou sejam, mais de 60 famílias com um tecto digno.
“Já lançamos as obras de mais um bloco de moradias no Norte de Baía, outro no Lameirão, vamos lançar novas obras para dois blocos na Bela Vista, mais dois blocos na Ribeirinha e no Lazareto” anunciou, sem esquecer as 200 casas do extinto programa Casa para Todos que o Governo deve entregar formalmente à autarquia nos próximos meses.
“São Vicente está a seguir o melhor caminho e as coisas estão a mudar, com muito interesse de empresários, o que nos diz da confiança e das potencialidades desta ilha nos anos vindouros”, salientou a mesma fonte, pelo que, sintetizou, cabe à câmara “criar as condições, facilitar e assegurar” que as coisas ocorram no seu tempo.
No entanto, o presidente da Câmara Municipal de São Vicente não passa ao lado do “problema do desemprego, principalmente na juventude” que assola a ilha, mas, para o autarca, “um problema de todos”.
“A câmara é uma parceira, uma facilitadora para que as coisas aconteçam, pois, o grande desafio é trazer emprego e organizar a ilha da melhor forma”, ajuntou.
“As pessoas devem continuar a exigir muito mais da câmara, a fazer críticas conscientes e construtivas para podermos ultrapassar juntos as dificuldades”, precisou.
Por fim, abordado sobre uma hipotética recandidatura, Augusto Neves disse que para São Vicente estará “sempre disponível”, pois diz sentir-se “com capacidade” para dar “mais contribuição” e que, se o seu partido, o MpD, assim o desejar, poderá ainda trabalhar “mais algum tempo” em prol de São Vicente.
“Mas tem que ser também a vontade do povo, e se achar que merecemos essa confiança ficarei satisfeito e irei continuar a trabalhar, pois o povo é quem mais ordena”, concluiu.
Augusto Neves chefia a câmara de nove vereadores, todos do MpD, conforme determinou o escrutínio de 04 de Setembro de 2016.
A assembleia municipal, de 21 deputados, tem dez do MpD, seis da UCID e quatro do PAICV, sendo presidida por Fernanda Vieira, enquanto Maria da Luz Delgado é a vice-presidente e Vander Silva Gomes o secretariado, todos do MpD.
Fonte: Inforpress