O artesão maiense Manuel Silva, considerado um dos mais antigos no activo, que actualmente dedica o seu trabalho a base de chapas enferrujadas, quer levar a sua arte além-fronteiras, assegurou em conversa com a Inforpress.
O artesão considerou que na ilha do Maio “não é fácil viver somente da arte”, mas que, devido ao seu “amor ao ofício”, aos poucos tem vindo a ganhar o seu espaço a nível nacional, sendo o seu maior desejo internacionalizar a sua arte, primeiro na comunidade da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e depois atingir outros mercados.
“O nosso trabalho é mais a base de papelão e chapas, bem como com garrafas de vidro que recolhemos na rua, por isso consideramos que o nosso trabalho é também muito amigo de ambiente”, concretizou, “e se calhar”, ajuntou, merecia “uma atenção específica” do Ministério de Ambiente, “mas infelizmente” tal “apoio ou reconhecimento” ainda não chegaram.
Conforme adiantou Manuel Silva, nos últimos tempos o seu trabalho tem merecido uma “atenção especial”, principalmente por parte do Ministério da Cultura, na pessoa do ministro Abraão Vicente, que lhe solicitou “várias peças” para serem colocados em diversos espaços como “obras de destaque”, o que lhe tem permitido ser ainda mais conhecido a nível nacional.
“Mas quero conquistar outros mercados, onde o meu trabalho ainda não é conhecido como Boa Vista e Sal, mas o meu maior desejo é conquistar o mercado internacional”, lançou, convicto de que, para tal é preciso “algum incentivo” financeiro ou mesmo crédito.
“Como é sabido um artesão sempre começa do zero e é preciso algum meio para puder produzir”, precisou.
Segundo avançou aquele artesão, um dos “grandes constrangimentos” é conseguir um financiamento para produzir “em grande quantidade”, tendo já “batido em várias portas”, entre elas a da Pro-Empresa, entre outros, mas mesmo assim ainda não consegui “nenhum empréstimo” capaz de lhe facilitar a aquisição de materiais, mesmo estando a cumprir “todos as normas e requisitos” que são exigidas para o funcionamento de uma microempresa.
“Neste momento tenho incentivado vários jovens para virem aprender e mesmo pagando-os para fazer alguma peça”, considerou, embora, a ajuntou, “muitos não tem mostrado interesse”.
“Mas felizmente alguns já estão a gostar, mas é preciso algum meio financeiro para pagar-lhes, nem que seja um salário mínimo”, notou.
Manuel Silva, que desde de tenra infância disse ter aptidão pela arte, explicou que começou na parte de desenho, passando depois pela pintura e carpintaria e, com a formação que recebeu na escola M_EIA , em São Vicente, dedicou-se mais ao trabalho de artesanato a base de papelão e chapas de bidon.
“Há cerca de dois anos também recebi uma formação na Cidade da Praia em trabalho a base de vidro, mas isso foi uma primeira fase”, indicou, por isso disse esperar continuar e para depois partilhar o conhecimento que adquirir com os seus colegas, “principalmente com as mulheres chefes de família” que queiram também dedicar-se a esta área.
É que Manuel Silva quer, futuramente, ser um professor de artesanato na sua ilha natal, o vai depender, como referiu, das entidades responsáveis do sector, nomeadamente a Câmara Municipal do Maio e o Ministério da Cultura.
Inforpress