Os bispos do Chile que compõem o Comité Permanente da Conferência Episcopal expressaram a sua fidelidade ao Papa Francisco, num momento em que a Igreja está envolta em polémica, devido a casos de abuso sexual cometidos pelo clero.
Numa carta enviada ao Papa, os padres chilenos expressaram o seu apoio, considerando que Francisco “está a receber ataques injustos como resultado de avaliações imprudentes e imputações injustas por parte de membros da mesma Igreja”.
Na segunda-feira, 3, também os bispos portugueses manifestaram “total apoio” ao Papa Francisco, numa carta enviada ao líder da Igreja Católica, em que se declaram disponíveis para seguir as suas orientações para erradicar a “chaga” do abuso de menores por padres.
Embora o Episcopado chileno não tenha especificado “o sofrimento” que afecta o Papa, o apoio é dado no contexto das acusações contra o Pontífice por parte do arcebispo Carlo Maria Viganò, ex-núncio da Santa Sé em Washington, entre 2011 e 2016.
O arcebispo acusou o Papa de silenciar os abusos cometidos pelo cardeal americano Theodor McCarrick, que terá que ser julgado, em breve, no Vaticano.
Numa carta publicada a 26 de Agosto, Viganò disse que o Papa Francisco reabilitou McCarrick no seu posto, embora soubesse, desde 2013, das acusações contra ele e das sanções que Bento XVI lhe impôs.
Nessa linha, os bispos chilenos assinalaram: “Observando a persistência de momentos difíceis, que também sofremos hoje, vêm à mente as palavras de São Paulo: ‘Que ninguém vacile por esses sofrimentos àqueles que, como vós, você sabe, estamos destinados'”.
Referindo-se à última Carta do Papa ao “Povo de Deus”, expressaram a sua união no sofrimento, bem como a intenção de transformar dificuldades e opressão num tempo de oração e penitência.
Em 31 de Agosto, a Procuradoria Nacional do Chile informou que há, actualmente, 167 pessoas acusadas e 178 vítimas quantificadas em 119 investigações abertas sobre abuso sexualc por parte de elementos do clero católico.
Além disso, entre o total de vítimas, 79 eram menores no momento em que os eventos ocorreram.
No início de Agosto, num gesto de transparência da Igreja chilena, o Comité Permanente da Conferência Episcopal do Chile publicou uma lista com os nomes de 43 padres e um diácono condenado, pela Justiça civil ou canónica, por abuso sexual de menores.