O acervo do Museu Nacional do Rio de Janeiro (no Brasil), que foi consumido por um incêndio, na noite de domingo, 2, tinha um dos maiores acervos histórico e científico do país, com cerca de 20 milhões de peças.
Este domingo, deflagrou um incêndio no Museu Nacional do Rio de Janeiro, no Brasil, que reduziu a cinzas 200 anos da história do país.
A instituição, criada há 200 anos, foi fundada por D. João VI, de Portugal, e era o mais antigo e um dos mais importantes museus do país.
Entre as peças do acervo estavam a coleção egípcia, que começou a ser adquirida pelo imperador D. Pedro I, e o mais antigo fóssil humano encontrado no Brasil, batizado de “Luzia”, com cerca de 11 mil anos.
O Museu Nacional do Rio de Janeiro era o maior Museu de História Natural e Antropologia da América Latina e o edifício tinha sido residência da família Real e Imperial brasileira.
Entre os milhões de peças que retratavam os 200 anos de história brasileira estavam igualmente um diário da Imperatriz Leopoldina e um trono do Reino de Daomé, dado em 1811 ao príncipe regente D. João VI.
Nas coleções de Etnologia estavam expostos objectos que mostravam a riqueza da cultura indígena, cultura afro-brasileira, culturas do Pacífico.
Segundo a edição brasileira do “El País”, o acervo tinha ainda o maior e mais importante acervo indígena e uma das bibliotecas de antropologia mais ricas do Brasil.
A instituição, ligada à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), era alvo de cortes orçamentários há pelo menos três anos.
Os alunos do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade chegaram mesmo a criar ‘memes’ (imagens ou vídeos que se espalham de forma viral) em que mostravam fósseis à espera de verba, ironizando os cortes.
Em 2015, o Museu chegou a ficar fechado por dez dias, após uma greve de funcionários da limpeza, que reclamavam salários atrasados.
Nas redes sociais, investigadores, alunos e professores brasileiros partilham depoimentos, lamentando o ocorrido e atribuindo a tragédia aos cortes orçamentais dos últimos anos.
O vice-director do Museu Nacional considerou o incêndio uma “catástrofe insuportável”.
Segundo a informação disponibilizada no sítio do Museu, a actividade de memória da instituição estava representada sob a forma de acervo bibliográfico, científico e documental.
Do acervo bibliográfico faziam parte livros, folhetos, obras raras, mapas, teses e dissertações pertencentes à Biblioteca do Museu Nacional e da Biblioteca Francisca Keller, do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS), e do acervo científico diversos exemplares representativos da biodiversidade, fósseis, objectos etnográficos e arqueológicos, pertencentes aos Departamentos de Antropologia, de Botânica, de Entomologia, de Geologia e Paleontologia, de Invertebrados e de Vertebrados.
Já o acervo documental era constituído por material de arquivo detido pela Secção de Memória e Arquivo (SEMEAR) e pelo Centro de Documentação em Línguas Indígenas (CELIN).
O Presidente do Brasil, Michel Temer, reagiu, em comunicado, considerando a perda “incalculável”.