Luanda acolhe, na terça-feira, 13, uma mini-cimeira com os Presidentes de Angola, Congo, Gabão, Ruanda e Uganda para analisar a situação política na África Central e Austral, sobretudo na República Democrática do Congo (RDCongo).
Numa conferência de imprensa em Luanda, o ministro das Relações Exteriores (MIREX) de Angola, Manuel Augusto, indicou – citado pela Lusa – que os trabalhos contam, também, com a presença do Presidente da Comissão da União Africana (UA), o chadiano Moussa Faki Mahama.
A reunião de Luanda antecede em três dias a Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), que decorrerá em Windhoek (Namíbia), e nela será feita uma discussão e concertação política sobre os projetos de paz e estabilidade nas duas regiões africanas.
Segundo Manuel Augusto, a situação da RDCongo será um dos temas fortes a abordar na reunião, em que se pretende também privilegiar a procura de “soluções africanas para os problemas africanos” nas discussões que envolvem também as crises políticas e militares no Sudão do Sul, Sudão, República Centro-Africana e Lesoto.
Sobre a RDCongo, cujo presidente, Joseph Kabila, também estará presente na reunião de Luanda, o chefe da diplomacia angolana saudou a decisão de o chefe de Estado congolês não se apresentar a um terceiro mandato, constitucionalmente proibido, nas eleições de 23 de Dezembro próximo.
“Há uma evolução positiva na RDCongo e Angola sempre defendeu o respeito constitucional e o respeito pelos acordos [políticos e de paz] de São Silvestre”, salientou Manuel Augusto, assumindo, porém, que há ainda um caminho a percorrer, uma vez que o processo eleitoral congolês não se esgota na não-candidatura de Kabila.
Segundo o chefe da Diplomacia angolana, a decisão de Kabila era “esperada há muito”, pelo que este passo “vai distender” o ambiente político e social na RDCongo e é “mais uma contribuição positiva” para o processo eleitoral, que, disse, “se pretende livre, justo e transparente”, ajudando à “estabilização e pacificação do país, da região e de África”.
Outra das “grandes preocupações” de Angola é a situação no Lesoto, “país-ilha” no Centro-Leste da África do Sul, onde a violência política e militar está a tornar-se frequente, com uma onda de assassínios.
Angola, como Presidente do órgão de Defesa e Segurança da SADC, enviou, tal como outros países da região, uma missão militar para estabilizar o país, mas está a ponderar retirá-la, uma vez que são grandes os atrasos na aplicação das 20 medidas propostas para o país regressar à normalidade institucional.
Sobre as recentes eleições no Zimbabué, que deram a vitória à ZANU-PF e ao Presidente interino Emmerson Mnangagwa, o chefe da Diplomacia angolana destacou que a votação de 30 de Julho decorreu de forma “exemplar”, apesar de alguns incidentes pós-eleitorais, “que não puseram em causa” as eleições.
A Comissão Eleitoral zimbabueana proclamou Mnangagwa vencedor, à primeira volta, das presidenciais, com 50,8 por cento (%) dos sufrágios, contra 44,3% dos votos alcançados pelo líder da oposição, Nelson Chamisa.
Mnangagwa dirige o Zimbabué desde o derrube, em Novembro, do Presidente Robert Mugabe, obrigado pelos militares e pelo seu partido, ZANU-PF, a demitir-se ao fim de 37 anos no poder.