Hélder Cardoso, ou HJC, é um artista multifacetado que tem vindo a conquistar o seu espaço no mercado. Define-se como um “retratista de visão”, pois, é na pintura de retrato que se sente mais à-vontade. “Pr1meru Passu” marca a estreia em exposições individuais deste talento de 27 anos, natural de Pedra Badejo, concelho de Santa Cruz de Santiago.
Tudo começou há quatro anos, quando decidiu aventurar-se pelo mundo das artes plásticas de forma profissional. A paixão pela arte, desenho e pintura, em particular, “nasceu” com ele. Não se “prende” a nenhum estilo, pois, gosta da liberdade que o mundo da arte lhe proporciona. Mas o desenho é o seu “ponto forte”, embora a sua arte seja extensiva.
Natural de Santa Cruz, HJC reside, actualmente, na Praia, onde encontra “melhores condições de trabalho”. Aos 27 anos, diz que a arte é a sua paixão e é dela que quer continuar a viver. “Desde pequeno tenho este gosto para o desenho e pintura. E à medida que fui criando, desenvolvi essa aptidão para a arte, mais concretamente no desenho e pintura”, conta o jovem artista.
Ao longo do tempo, HJC desenvolveu “muito” a pintura de retrato, uma vertente em que, portanto, se sente mais à-vontade. Até porque, este jovem tem o hábito de fazer homenagens a algumas figuras nacionais, umas através de pinturas murais e outras por desenhos que são divulgadas nas redes sociais.
Por altura da comemoração dos 40 anos da Independência Nacional, retratou os quatro presidentes de Cabo Verde: Aristides Pereira, António Mascarenhas Monteiro, Pedro Pires e Jorge Carlos Fonseca, desenhos esses que fizeram “furor” na internet. “Durante algum tempo fiz muitos desenhos de retrato por encomendas… ainda hoje recebo muitas. Mas o meu objectivo é ficar mais focado na minhas criações, inspiradas na quotidiano de Cabo Verde”, admite Hélder Cardoso.
“Pr1meru Passu”
“Pr1meru Passu” é a primeira exposição individual do artista plástico Hélder Cardoso, que esteve patente de 15 a 30 de Junho, no Palácio da Cultura Ildo Lobo (PCIL), na Praia. A exposição “Primeru Passu” enquadra-se no âmbito do ciclo ‘Novos Talentos’ do PCIL, que tem como propósito divulgar o que se tem feito de novo nas artes, no geral, em Cabo Verde.
Esta estreia, para além de a primeira exposição individual, segundo o artista, retrata momentos diversos de crianças, tendo o mês da criança (Junho) e porque, também, é nesta fase da vida que se dá os “primeiros passos na vida e em diversas experiencias”. “Também é relacionada com momentos de crianças enquadrados na realidade e cultura de Santa Cruz, lá onde dei os meus primeiros passos na vida e na arte”, explica.
Em termos colectivos, Hélder Cardoso já participou em algumas exposições colectivas em Cabo Verde, nomeadamente, “Um korpo doz kurson”, que ocorreu no ano passado (2017) na cidade da Praia, entre artistas cabo-verdianos e guineenses. Participou também num festival de Arte Urbana em Portugal, em Maio de 2017, na Cova da Moura. Recentemente, no mês de Maio, participou na colectiva “Nos Arte”, num dos hotéis da capital, com os artistas Nela Barbosa, Tutu Sousa, Sidney Cerqueira Luís Levy e Dilcia Cardoso.
O artista tem vindo a desenvolver alguns trabalhos de pintura mural, sendo de realçar as pinturas murais das ruas pedonais dos bairros da Várzea e da Terra Branca. Já fez pintura mural em todos os concelhos de Santiago e ainda nas ilhas de São Vicente e Boa Vista.
Projectos
Um dos projectos que HJC já está a trabalhar é o que acontece, à semelhança da ‘Rua d’Arte’ (Tutu Sousa), na Terra Branca, mas neste caso é uma intervenção com arte urbana no bairro de Cutelinho, em Santa Cruz.
O propósito deste projecto, revela, é fazer trabalhos de pinturas e esculturas na ruas, escadas, fachadas de casa neste bairro que é uma zona piscatória. “Ou seja, tentar dar o meu contributo, através da arte, para uma comunidade melhor. A arte tem o poder de mudar não só o aspecto físico de um bairro bem como aumentar a autoestima dos moradores”, garante.
Hélder Cardoso, que é formado em Engenharia Civil, vive exclusivamente das artes plásticas, uma opção que diz não ser fácil mas “dá para levar uma vida tranquila”. “Tudo é uma questão de estratégia, determinação, vontade e qualidade. Faço o que gosto e que me faz feliz, ou seja, é uma motivação extra porque é algo relaxante”, assegura o jovem.
Desafiado a dar a sua opinião sobre como é encarada as artes plásticas em Cabo Verde, HJC acredita que o que deve mudar é a mentalidade, tanto na forma de fazer como de apreciar a arte. “Não há o hábito de visitar as exposições e comprar obras. Os cabo-verdianos têm que saber valorizar as obras, porque só assim haverão avanços”, advoga.
Ainda, Hélder Cardoso foi convidado pelo ‘staff’ de Ky-Mani Marley para participar no roteiro dos vídeo-clipes do cantor jamaicano, quando este esteve em Cabo Verde, em Abril deste ano. HJC pintou Ky-Mani Marley na zona de Mangue, em Santa Cruz.
Foi também ele o artista que concebeu o bilhete da gala Cabo Verde Music Awards – CVMA’2018. “Kutuka” foi o nome da obra que Hélder Cardoso escolheu para ilustrar o bilhete dos CVMA’2018. Kutuka faz parte de uma série de obras intitulada “Kel ke di nos” criada com o objectivo de preservar as tradições cabo-verdianas, e representa dois ritmos tradicionais de Santiago, o batuku e a tabanka.
Uma carreira ainda recente mas repleta de experiências. “Espero que venha muito mais”, conclui.
ACN