Um total de 42 emigrantes cabo-verdianos nos Estados Unidos foram deportados para Cabo Verde desde o início do ano a esta parte, afirmou em entrevista à Inforpress o embaixador Extraordinário e Plenipotenciário do arquipélago naquele país, Carlos Veiga.
Segundo o diplomata, as ilhas escolhidas para acolher esses emigrantes são Santiago, São Vicente, Boa Vista, Fogo e Brava, sendo que a ilha do Fogo recebeu a maioria dos deportados.
Lembrou, contudo, que no ano passado teve apenas 29 casos de repatriados.
Segundo Carlos Veiga, desde a sua chegada aos Estados Unidos os casos ocorridos de deportação com documentos emitidos pelas representações de Cabo Verde referiram-se apenas a casos criminais, por homicídio, assaltos, tráfico e posse de drogas, posse de armas, crimes sexuais, violência doméstica, furtos, roubos, entre outros.
“Em comparação com a dimensão da comunidade estimada em cerca de meio milhão de cabo-verdianos, incluindo as segundas gerações, é pouco. É também menor do que o fluxo de deportados de outras paragens, como a Europa” analisou o embaixador.
No entanto, reconhece que este cenário é dramático para as famílias dos deportados, nos EUA e em Cabo Verde, e pode ser desestabilizador, socialmente e em termos de segurança pública para um país pequeno e insular, composto maioritariamente de comunidades pequenas, de pouco mais de centena de pessoas.
Carlos Veiga realçou, no entanto, que na altura em que assumiu as funções se estimava que cerca de 400 emigrantes cabo-verdianos estariam abrangidos pela ordem de deportação.
No entanto, esclareceu que a lista não é estática, porque novos casos vão surgindo e outros vão saindo.
“Dados actualizados de Maio de 2018 dão conta que, de 1987 a 2018 foram deportados dos EUA um total de 841 cabo-verdianos e que estão pendentes com ordem final de deportação mais 412 casos, sendo 219 em cumprimento de sentença pela prática de crime e 193 por casos não criminais”.
Entretanto, o embaixador explicou que em alguns casos não será possível fazer a reintegração plena dos visados.
De todo o modo, realçou, são cabo-verdianos e Cabo Verde está e deve estar aberto a recebê-los e a facultar-lhes as condições possíveis para se inserirem na nossa sociedade, aberta e simples.
“Em princípio não é difícil a integração na sociedade cabo-verdiana. Mesmo para um estrangeiro, quanto mais para um patrício”, enfatizou Carlos Veiga.
Questionado sobre que tipo de apoio as autoridades cabo-verdianas disponibilizam aos deportados, Veiga disse que eles são recebidos à chegada a Cabo Verde pelo Ministério da Inclusão Social, que lhes atribui um pequeno subsídio monetário para as primeiras despesas.
Para além disso, explicou que são entrevistados sobre as suas competências, domínio da língua nacional e de outras línguas, expectativas e intenções na sua nova fase de vida no arquipélago, com vista a um eventual apoio no quadro das instituições e programas existentes para todos os nacionais, para a sua melhor adaptação.
Finalmente são encaminhados a expensas das autoridades americanas, para as ilhas de destino final por eles indicado antes da partida.
“É o que o país pode conceder e não difere de outras prestações de solidariedade feitas aos residentes carenciados em geral, no país”, concluiu o embaixador Extraordinário e Plenipotenciário de Cabo Verde nos Estados Unidos.
Inforpress