O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, considera que a CPLP deu “passos importantes” na sua afirmação, tornando-se numa organização atractiva, mas salientou que é preciso olhar mais para as pessoas e menos para os políticos.
O chefe de Estado português falava na sessão de abertura da XII Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em Santa Maria, na ilha do Sal, em Cabo Verde, que assumiu a presidência rotativa da Comunidade.
“É preciso olhar mais para as pessoas para o seu estatuto para os seus problemas concretos, olhar mais para as sociedades civis e menos para os políticos e para o seu mundo próprio. Olha mais para o reforço do papel da mulher nas nossas sociedades, olhar mais para os jovens, porque quem poderá dar vida à nossa comunidade aos nossos Estados são eles”, disse.
“É preciso olhar mais para a educação, a qualificação, a ciência, a inovação, olhar mais para a mobilidade pessoal social, económica, empresarial e financeira”, acrescentou o presidente português, fazendo alusão também ao ambiente, aos oceanos e às plataformas continentais que ligam os países potenciando as suas posições geoestratégicas.
Na sua perspectiva, a língua e a cultura são importantes, mas salientou que as mesmas não podem reduzir a comunidade a uma mera expressão linguística, sendo certo também, ajuntou, que o triunfo que não pode ser “desperdiçado ou desconsiderado”.
Marcelo Rebelo de Sousa terminou o seu discurso afirmando que acredita na CPLP, e afirmou que há “valores essenciais” que esta comunidade não pode suspender.
“Tentamos sempre ser obreiros de paz de segurança de defesa dos direitos humanos da democracia, de entendimento de multilateralismo, nunca deixando de reforçar as nossas posições nos nossos continentes, no núcleo duro das organizações que pertencemos”, sustentou, augurando que a estratégia de Brasília se soma agora ao espírito do Sal, e o vigor do mar à vontade dos países de construir uma comunidade de povos “forte e coesa”.
Na mesma linha ideia, o Presidente de São Tomé e Príncipe, Evaristo de Carvalho, salientou que é urgente que a CPLP aproxime mais dos seus cidadãos, já que, segundo adiantou, os mesmos acalentam uma organização que não se preocupe apenas com a concertação diplomática e entre seus membros em matéria de relações internacionais, conforme objectivos que nortearam a sua organização.
“Queremos uma organização capaz de proporcionar aos seus membros a elevação dos seus padrões de vida”, sustentou.
No que se refere à mobilidade, adiantou que São Tomé e Príncipe alcançou dois “grandes progressos” nomeadamente a isenção de visto por um período de 15 dias aos cidadãos dos países membros, bem como a atribuição da nacionalidade santomense a todos os cidadãos da CPLP que se encontravam no país a 12 de Julho de 1975, data da proclamação da independência nacional.
A questão da mobilidade foi assunto presente em todos os discursos de abertura da XII Cimeira da CPLP que tem como tema central “Cultura, Pessoas e Oceanos”, e que marca o início da presidência cabo-verdiana.
A CPLP foi criada 1996 para a concertação político-diplomática entre os seus Estados-membros, nomeadamente para o reforço da sua presença no cenário internacional, tendo também como um dos seus objectivos a promoção e difusão da língua portuguesa.
Inforpress