Santo Antão aposta, cada vez mais, no turismo rural e de natureza, segmento que pode estar, todavia, ameaçado pela “saída desenfreada” das populações das zonas rurais em direcção aos centros urbanos, sobretudo, no Sal e Boa Vista.
A preocupação é de um grupo de operadores turísticos na ilha, segundo o qual, “a curto prazo”, o êxodo rural constitui “a maior ameaça” para o turismo de natureza em Santo Antão, que perde, por ano, uma média de 7% da sua população, que está a procurar outras ilhas com melhores condições de vida.
Por isso, através de um documento a que Inforpress teve acesso, os operadores defendem que a prioridade, nesta altura, para Santo Antão seria a criação de infra-estruturas básicas a nível das comunidades rurais, designadamente a nível do abastecimento de água, energia eléctrica e do saneamento básico, para que as populações possam permanecer no meio rural.
“Santo Antão nunca conseguirá desenvolver o ecoturismo sem a sua população rural, que está a sair cada vez mais para as outras ilhas à procura de uma vida melhor”, dizem ainda os operadores turísticos.
Admitem a importância do aeroporto para aumento do fluxo de turistas nesta ilha, mas, para já, “a primeira coisa” que se devia fazer seria “garantir a atractividade de Santo Antão”, com aposta na melhoria da qualidade de água, electrificação rural, criação de infra-estruturas de saneamento básico e no reforço de acesso a saúde das populações rurais.
Defendem ainda manutenção dos caminhos vicinais, o apoio aos camponeses no incremento da agricultura e pecuária, bem como a preservação do meio ambiente e do património natural, outras intervenções que se deve ter em conta para que Santo Antão assuma o seu lugar no “mapa mundial do ecoturismo”.
O presidente da Assembleia Nacional disse, semana passada, em Santo Antão, acreditar que o ecoturismo poderá ajudará a inverter a tendência da perda da população rural por parte desta ilha.
Ao encerrar o terceiro seminário internacional sobre o ecoturismo, que decorreu, semana passada, no Porto Novo, Jorge Santos referiu-se ao facto de Santo Antão estar a perder “parte importante”” da sua população, esperando que seja o ecoturismo a inverter essa tendência.
Nos últimos anos, Santo Antão perdeu quase três mil habitantes, com incidência maior nas zonas rurais, passando a população da ilha de 42.552 para 39.992 habitantes.
Segundo os autarcas, é preciso reverter este cenário que, a continuar, “não haverá perspectivas de desenvolvimento” para Santo Antão, que continua a apresentar indicadores que estão “muito abaixo da média nacional” e com níveis altos de desemprego e pobreza.
Em Julho, o director-geral do turismo, Francisco Martins, estará de visita a Santo Antão para debater com os operadores a situação deste sector da ilha que, a seu ver, está “ainda aquém daquilo que a ilha merece”.
Dos cerca de 716 mil turistas que entraram em Cabo Verde em 2017, apenas 26 mil visitaram Santo Antão, facto que demonstra que “há ainda muito trabalho a fazer” para que esta ilha, “já por si só um produto turístico”, possa assumir-se como um destino, segundo este responsável.
Os municípios e a Câmara do Turismo de Cabo Verde defendem a construção do aeroporto para que a ilha possa “dar o salto” que se deseja, em matéria do turismo.
“O aeroporto, cujos estudos já decorrem, constitui um grande objectivo de Santo Antão para o incremento do turismo e para servir a economia desta ilha”, segundo o presidente da câmara do Porto Novo, Aníbal Fonseca.
Para o vice-presidente da Câmara do Turismo de Cabo Verde, Eugénio Inocêncio, o aeroporto é “muito importante e fundamental” para Santo Antão, porque vai permitir a ilha dar o salto que se pretende a nível do turismo.
Inforpress
Santo Antão: Êxodo rural pode ser maior ameaça ao turismo de natureza nesta ilha – operadores
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