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Boa Vista

Boa Vista: Nasce o grupo de teatro “Os intrometidos”

“Os intrometidos da Escola Secundária da Boa Vista (ESBV)” é o novo grupo de teatro da ilha das Dunas. Criada em Março, por cinco estudantes, a companhia encara o teatro como forma de sensibilizar o público sobre a realidade boavistense e nacional.
O Centro de Arte e Cultura (CAC), em Sal-Rei, recebeu, nos dias 28 e 29 de Março, a estreia do grupo “Os intrometidos da ESBV”, formado por estudantes entre os 17 e 20 anos de idade. A trupe foi criada por impulso de Marco André, aluno de 19 anos, que viu que na Boa Vista há poucos jovens a fazerem teatro, como forma de manifestarem as suas ideias e dotes culturais.
Marco André, que é natural de Santo Antão mas vive na Boa Vista desde os 10 anos, concluiu, no ano passado, uma formação em teatro, o que lhe dá requisitos para liderar o grupo, escrever as peças e idealizar a encenação. “A minha intenção é retratar, através do teatro, a realidade da nossa ilha e do país, contribuindo, também desta forma, para o desenvolvimento cultural e social. E, claro, momentos de risadas e muita diversão”, admite o jovem.
“A 14zinha apaixonada” marcou a estreia dos “intrometidos”, uma peça que retrata a gravidez precoce, um problema bastante presente na nossa sociedade e que afecta, como é óbvio, a camada mais jovem. Foi apresentada durante dois dias no CAC e parte das receitas converteu-se a favor dos alunos carenciados da ESBV.
“A 14zinha apaixonada” é, segundo o seu autor, uma peça em que uma estudante se envolve com um homem mais velho e que também namora uma turista. “O homem desaparece e a rapariga fica sem notícias dele. Da relação ela engravida e acaba por entrar na prostituição”, explica Marco André.
No fundo, diz o jovem dramaturgo, a peça retrata, para além da gravidez precoce, outros problemas sociais como a pedofilia, a prostituição e o insucesso escolar, uma forma de sensibilizar as pessoas sobre a realidade da ilha da Boa Vista e do país no geral.
Outras peças
Já para o dia 1 de Junho, para assinalar o Dia das Crianças, “Os intrometidos da ESBV” têm agendado o lançamento e apresentação de duas novas peças. Uma sobre o racismo nas escolas e outra sobre a reciclagem do lixo. “A primeira tem cenas bastante fortes. A segunda, como há na Boa Vista um projecto de reciclagem de lixo de um grupo de voluntários, vamos participar e dar a nossa contribuição”, revela Marco André.
Mesmo depois de terminar o ensino secundário, o grupo não quer parar e um dos seus objectivos é representar, um dia, a ilha no maior festival de teatro de Cabo Verde, o Mindelact, que acontece todos os anos no Mindelo e, agora, com uma extensão à cidade da Praia. “Enquanto tivermos na ilha queremos dar o máximo e deixar um grupo formado e coeso, se tivermos de ir viver em outras paragens. Mas, quero mesmo viver do teatro”, sonha o jovem.
“Fazer teatro é difícil”
Marco André confessa que fazer teatro “é difícil”, designadamente, na Boa Vista, onde, como diz, a organização de um evento teatral é sempre difícil, porque as pessoas ainda não estão acostumadas a espectáculos do tipo. “Em vez de apoiarem, as pessoas tentam rebaixar-te quando estás a organizar algum evento teatral. Mas, felizmente, as nossas apresentações tiveram boa adesão”, congratula-se.
Para o nosso entrevistado, o teatro é a melhor forma de passar alguma mensagem consciente, sempre com uma dose agradável de humor. “Ao invés de proferir uma palestra, é melhor apresentar uma peça de teatro, porque é mais chamativo, em forma de brincadeiras, sem ser desgastante”.
Para além de Marco André, compõem o grupo “Os intrometidos da ESBV” Leriana Cardoso, Fabrícia Lima, Carlos Timóteo e Djamilson Vieira.
ACN

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