A primeira noite da 26ª edição do Festival da Gamboa foi longa e durou até às 5horas da madrugada. O festival, que este ano teve entrada gratuita, ficou marcado pela estreia de vários artistas no palco do Gamboa, contrariando um pouco o cartaz “repetitivo” de edições anteriores.
Garry, Charbel, Nish Wadada e a dupla de santomenses com raízes cabo-verdianas, Calema mostraram ao que vieram contagiando o público com os seus ritmos e mensagens bem distintas.
E com o público em êxtase, coube mesmo aos irmãos Fadrique e António que dão corpo à conhecida dupla Calema, encerrar a primeira noite de festival. Eram cerca das 3h30 da madrugada quando aos “irmãos românticos” entraram em cena levando a sua música aos milhares de fãs do areal da Gamboa. “Vai” e a “A Nossa vez”, este último repetido no encore, foram alguns dos sucessos que o público entoou em uníssono, até bem perto das 5h. “Vocês fazem parte do nosso percurso, da nossa história…” disseram os Calema em jeito de agradecimento ao carinho dos fãs.
Antes, subiu ao palco o jovem Garry, natural de Santiago, a viver em Portugal, e igualmente popular entre o público, que vibrou durante a sua actuação. Entre o funaná e o zouk Garry mostrou-se muito “feliz” e sem palavras para agradecer a oportunidade de pisar o palco do Gamboa. “Estou muito contente por receber o carinho dos fãs. Espero ter mais oportunidades para pisar mais palcos”, disse o autor de “Anjo”, uma das suas músicas mais acarinhadas pelo público.
O romantismo e o zouk continuaram em cena com Charbel, que antecedeu a actuação de Garry, levando igualmente o areal ao delírio. O popular Charbell abriu a sua actuação ao som do hit Romeu e Julieta, fazendo “nevar” no palco.
Do romantismo do zouk ao amor universal do reggae
E do “romantismo” dos Calema, de Garry e Charbell, próprio da quizomba, a noite ficou marcada por outro tipo de amor, e outro tipo de mensagem na Gamboa. O “amor universal” de Nish Wadada, que subiu ao palco quando faltavam dez minutos para a meia noite.
A diva do reggae crioulo que pisou pela primeira vez o palco do Gamboa, acompanhada pela sua banda internacional, trouxe mensagens muito fortes e de consciencialização ao público do areal que vibrou e aplaudiu a artista de São Nicolau em quase uma hora e meia de espectáculo.
Cantando ora em crioulo, ora em inglês, Nish Wadada apelou à consciência negra, à igualdade do gênero, à tolerância, à paz, à união entre os povos e à luta contínua pela liberdade. A sua actuação ficou ainda marcada pela música “Mary” (marijuana) e pelo apelo a uma maior “informação e pesquisa” sobre a erva cannabis e “menos preconceito”, à volta desta erva que tem “curado muita gente no mundo inteiro”. “A cannabis é uma planta como o alecrim, o xali…são tudo plantas. É preciso saber usar”.
Antes de Nish Wadada, coube ao colectivo Hip-hop Stars abrir a primeira noite desta 26ª edição do festival da Gamboa quando passavam poucos minutos das 22h30. Nitry, Ga DaLomba, Nissah Barbosa, WTS, Mito Kaskas e Batchard trouxeram também mensagens fortes e de intervenção próprias do hip-hop crioulo.
Hoje, a partir das 21h, sobem ao palco os Cordas do Sol, Dino D`Santiago e convidados, o português Richie Campbell e por fim o angolano Landrick.
Se não quer perder nenhuma actuação, o melhor é se dirigir cedo para o recinto, porque mesmo sendo gratuita, a entrada está sujeita à revista policial e avaliar pelas extensas filas de espera de ontem à noite, hoje, sábado a organização espera ainda mais gente no areal.
Mas, antes, às 15h arranca o Gamboinha. Da programação consta animação com palhaços, arte circense, pintura facial, jogos tradicionais, brinquedos/insufláveis, bem como animação com a Banda Gamal, num programa que a autarquia diz ser voltado para o convívio “em família”.
GC
Confira em baixo o Álbum de Fotos do 1ª Dia do Gamboa 2018
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