O chefe do Governo espanhol, Mariano Rajoy, está disposto a ter uma relação de “entendimento e concórdia” com o novo presidente do governo catalão, Quim Torra, desde que este cumpra a lei e a Constituição.
O executivo vai apostar pelo “entendimento e pela concórdia”, disse o chefe do Governo espanhol, garantindo que “a lei, a Constituição espanhola e o resto do ordenamento jurídico se irão cumprir”.
Rajoy avançou que não gosta das palavras que tem ouvido da boca de Quim Torra, mas que o irá julgar não por estas, mas sim pelo que fizer a partir de agora.
O primeiro-ministro (PM) espanhol reconheceu que o momento actual não é fácil e fez um apelo no sentido da contenção, da tranquilidade e de que se “ponha de lado a ansiedade”.
Mariano Rajoy reúne-se, esta terça-feira, 15, com o líder do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), Pedro Sánchez, e também está previsto um encontro com o presidente do Cidadãos (centro-direita), Alberto Rivera, na quarta-feira, 16.
O Parlamento da Catalunha elegeu, segunda-feira, 14, Quim Torra como presidente desta região espanhola, que assim recupera o seu estatuto de autonomia perdido em Outubro de 2017, com a tentativa de independência liderada por Carles Puigdemont.
Quando o candidato eleito formar o Governo regional (Generalitat) terminará a tutela política imposta por Madrid na Catalunha, na sequência da proclamação da independência da Região, em 27 de Outubro de 2017.
A eleição PÕE, também, fim a um impasse político de quase cinco meses depois das eleições regionais de 21 de Dezembro, em que os partidos independentistas voltaram a ter uma maioria no Parlamento da Catalunha.
Quim Torra foi indicado pelo ex-presidente catalão, Carles Puigdemont, refugiado na Alemanha, e a aguardar uma decisão sobre o mandato europeu de detenção emitido pela Justiça espanhola, que aguarda pela sua extradição para o julgar.
Quim Torra foi eleito em segunda votação por 66 votos dos dois grandes partidos independentistas, “Juntos Pela Catalunha” (direita) e Esquerda Republicana da Catalunha (ERC, socialista), tendo votado contra 65 deputados regionais do Cidadãos (liberais), Partido Socialista da Catalunha (associado ao PSOE), Partido Popular (PP, direita), “En Comú-Podem” (extrema-esquerda).
A abstenção dos quatro deputados do pequeno partido independentista de extrema-esquerda “Candidatura de Unidade Popular” (CUP) foi essencial na eleição de Quim Torra, que assim conseguiu ganhar, por maioria relativa, depois de ter falhado a primeira votação no sábado, 12, em que precisava da maioria absoluta dos 135 deputados regionais.
No discurso que fez na manhã de segunda-feira, Quim Torra voltou a sublinhar que Carles Puigdemont é o “presidente legítimo” do governo regional da Catalunha e prometeu ser “leal ao mandato” para “construir um Estado independente, em forma de República”.