O representante do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Maputo defende a responsabilização judicial das pessoas envolvidas no escândalo das dívidas ocultas de Moçambique, assinalando que essa acção é da esfera da soberania do país.
“Realmente (os autores das dívidas ocultas) precisam responder pelo dano causado ao país”, afirmou Ari Aisen, em declarações à comunicação social, à margem da conferência “Conjuntura Macro-Económica de Moçambique”.
Ari Aisen afirmou que a decisão de responsabilizar judicialmente as pessoas que participaram no caso das dívidas ocultas deve acontecer no quadro da soberania do Estado moçambicano.
A imputação jurídica aos autores das dívidas ocultas, prosseguiu, é do interesse de toda a sociedade moçambicana.
Em Abril, a Procuradoria-Geral da República de Moçambique disse que o país pediu informações e diligências a sete países sobre as dívidas ocultas, mas apenas um respondeu, assinalando que a celeridade das investigações depende da cooperação dos referidos Estados.
“Dos sete países aos quais solicitámos diligências e informações, apenas um respondeu”, afirmou Beatriz Buchili, falando na Assembleia da República (Parlamento), durante o encerramento da sessão dedicada à informação sobre o desempenho da Procuradoria-Geral da República, em 2017.
Sem especificar o nome dos países, a magistrada afirmou que a celeridade das investigações às dívidas ocultas depende de informações dos bancos que emprestaram dinheiro ilegalmente a Moçambique e das empresas fornecedoras dos equipamentos usados com o dinheiro dos empréstimos.
Beatriz Buchili declarou que continua a instrução preparatória para o apuramento da responsabilidade criminal sobre as dívidas ocultas, assinalando que a Justiça está determinada em fazer cumprir a lei.
As dívidas ocultas estão relacionadas com avales assegurados pelo anterior Governo moçambicano, entre 2013 e 2014, a empréstimos de mais de dois mil milhões de euros a favor de uma empresa pública ligada à pesca e a duas ligadas à segurança marítima.