Mais de sete mil pacientes foram internados, entre 2013 e 2017, no hospital regional João Morais, em Santo Antão, dos quais 10% tinham como diagnostico o alcoolismo, conforme dados avançados por essa unidade hospitalar.
Segundo o director clínico do hospital, Dionísio Semedo, o uso crónico do álcool no dia-a-dia e um padrão de consumo muito elevado em Santo Antão têm trazido “bastantes problemas” a esse hospital, com uma taxa média de internamento relacionado com o alcoolismo que varia entre os 12 e 15%.
Dionísio Semedo, que falava, sábado, no último dia das primeiras jornadas de saúde em Santo Antão, promovidas, durante três dias, pela região sanitária, avançou que, além dos malefícios que o alcoolismo traz, por si só, à saúde pública, este fenómeno onera bastante os custos de funcionamento deste hospital.
Depois de uma diminuição em 2015, a taxa de internamento voltou a aumentar a partir de 2016, situação que deverá estar relacionada com a liberalização dos alambiques e com falta de fiscalização da produção da aguardente, acredita este responsável, defendendo “uma atenção cada vez mais profunda” do problema do alcoolismo, nesta ilha.
A problemática do alcoolismo foi um dos temas centrais das primeiras jornada de saúde em Santo Antão, lha onde, segundo a Inspecção-Geral das Actividades económicas (IGAE), produz-se grogue de qualidade, mas, também, produz-se “lixo tóxico”, com efeitos nefastos para a saúde pública.
Segundo as estruturas de saúde na ilha, em 2015, com a entrada em vigor da nova sobre o grogue, as ocorrências nos hospitais, derivado ao alcoolismo, reduziram muito, mas voltaram a aumentar, facto que estará relacionado com a ausência da fiscalização da produção da aguardente.
Para a deputada nacional por Santo Antão, Vera Almeida, a fiscalização é a “questão de fundo” que deve merecer a atenção da IGAE e dos municípios nesta ilha.
Os autarcas estão esperançados em que a lei do álcool, já aprovada em sede do Conselho de Ministros e que, “brevemente” será discutido no Parlamento, permitirá às autoridades agirem melhor a nível de fiscalização.
“Essa lei nos dará grande satisfação e facilitará o trabalho da fiscalização”, sublinhou António Aleixo, edil do Paul, um dos municípios com maior taxa em termos de consumo abusivo do álcool, em Cabo Verde.
Segundo a Organização Mundial da Saúde(OMS), mais de três milhões de pessoas morrem, por ano, em todo o mundo, de doenças provocadas, directa ou indirectamente, pelo consumo exagerado do álcool.
Em Cabo Verde, onde o consumo por pessoa anda à volta dos 20,2 litros/ano, são registados, em média, 63 óbitos por ano, devido ao alcoolismo.
Inforpress
Santo Antão: 10% dos 7.000 internados no hospital João Morais tem alcoolismo como diagnostico – clínico
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