A Organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) lançou um sistema internacional para lutar contra a desinformação na internet, as “fake news” (notícias falsas), que visa certificar os “media” que respeitam os critérios de integridade e de deontologia.
Em discussão há quase um ano, o sistema “Journalism Trust Initiative” (JTI), que significa iniciativa para a confiança no jornalismo, foi concebido pela RSF em conjunto com a Agence France-Presse (AFP), a União Europeia de Radiodifusão (UER ou Eurovisão) e a Rede Mundial de Editores (Global Editors Network, GEN).
Até agora, as iniciativas desenvolvidas para contrariar a multiplicação de desinformação e notícias falsas nas redes sociais têm assentado no “fact checking” (verificação de factos) ou na elaboração de “listas negras” de “sites” ou contas que difundem informações falsas.
Para combater o fenómeno a montante, a RSF propõe um sistema de auto-regulação, que passa por estabelecer, colectivamente, normas de referência e permitir aos órgãos de comunicação que as respeitem acederem a uma certificação, um “rótulo”, atestando a sua fiabilidade.
As normas, a que estão associados indicadores, permitirão, por exemplo, medir a transparência de um órgão em termos de accionistas ou de financiamento, a existência de cartas editoriais, a aplicação dos princípios jornalísticos pela redacção ou a capacidade de reconhecer e corrigir os erros.
Um grupo de trabalho encarregado de redigir essas normas reúne-se, pela primeira vez, a 23 de Maio, e começará por promover uma concertação aberta aos “media”, associações e sindicatos de jornalistas, entidades de auto-regulação, plataformas digitais, anunciantes e representantes de associações de consumidores.
Os trabalhos devem terminar em meados de 2019 e serão seguidos do lançamento de processos de certificação dos “media” que cumpram os critérios.
Concretamente, redes sociais como o “Facebook” ou o “Twitter” e motores de busca poderão utilizar a certificação para dar prioridade, através de algoritmos, aos conteúdos produzidos por “media” certificados.
Também para os anunciantes, que não querem ver-se negativamente associados a “fake news”, podem privilegiar os “media” certificados para as suas campanhas publicitárias. Aliás, a iniciativa tem o apoio da Federação Mundial de Anunciantes (WFA).