A Escola de Ténis de Afonso Martinho, na Ribeira Grande de Santo Antão, foi criada em 2005, mas esteve parada algum tempo devido ao mau estado do court de ténis. Com a construção recente de dois campos, a escola retomou as actividades no ano passado com aposta forte na formação de base para crianças de cinco aos 10 anos.
O court de ténis de Afonso Martinho, no concelho de Ribeira Grande, é a única estrutura para a prática dessa modalidade em Santo Antão. Em 2008 o piso beneficiou de uma remodelação, mas que não durou muito tempo, dado ao seu longo período de construção, isto é na década de 80. Sem alternativas, mas como forma de manter o ritmo competitivo, os treinos passaram a ser feitos em metade do campo.
Depois de revindicações dos tenistas locais e de algum tempo a receber trabalhos de remodelação, o court de Afonso Martinho passou a dispor de dois campos com um piso em melhores condições para a prática dessa modalidade. O novo complexo, de “cara lavada”, foi inaugurado em Junho de 2016 e recebeu logo o campeonato nacional de ténis. Nesta edição, o tenista santantonense Samuel Lopes sagrou-se mais uma vez campeão nacional sénior masculino. “Antes tínhamos um campo a requerer obras, mas agora temos melhores condições para trabalhar e este resultado é fruto disso”, disse, na altura, o número 1 do ténis cabo-verdiano.
O novo complexo de Afonso Martinho permitiu também o recomeço de um projecto desportivo que já existia desde 2005. Antes, a Escola (Turminha) de Ténis teve de suspender as actividades, porque o campo não apresentava as mínimas condições para continuar com os trabalhos.
“Tivemos que suspender e aguardar por melhores condições, ou seja, o court de ténis foi requalificado e ampliado. Agora trabalhamos em dois campos”, congratula-se António Miranda, ex-atleta e agora treinador, formador e actual presidente da Associação de Ténis da Ribeira Grande (a única da ilha).
Formação de base
Criadas melhores condições nos court de Ténis de Afonso Martinho e com a formação de mais treinadores, a Turminha de Ténis foi reactivada com forças depositadas para a formação de novos atletas e futuros campeões nacionais, como Santo Antão já nos habituou nesta modalidade.
“Os atletas que temos já estão prestes a deixar a alta competição e, por isso, precisamos renovar o nosso grupo. Estamos a apostar em jovens e crianças, portanto começamos com um projecto de base destinado a crianças de 5 aos 10 anos. Para as outras faixas etárias temos um programa de treino acompanhado”, diz António Miranda. Esta aposta faz com que o projecto seja de longo prazo, estando na fase inicial das aulas e as crianças ainda estão no processo de aprendizagem de manuseamento de bolas e raquetes.
“É uma fase onde o mais importante é fazer a criança sentir o gosto pela modalidade”, ensina o formador. A escola funciona aos fins-de-semana (sábado e domingo) por questões profissionais dos monitores. Neste momento, a “turminha” é formada por cerca de 40 crianças, na faixa etária dos cinco aos 10 anos.
“Um número bastante considerável, mas somos três monitores e conseguimos perfeitamente dar conta do recado. Agora são dois campos e isso ajuda muito”, afirma António Miranda.
Falta de materiais e iluminação
Resolvido o problema do court de Afonso Martinho, a Turminha enfrenta agora dificuldades em termos de obtenção de materiais para a prática da modalidade. Segundo António Miranda, há até atletas sénior que estão parados por falta de materiais de treino. “Neste momento, não encontramos no mercado de Cabo Verde nenhum material de ténis. Por isso, temos que esperar algum donativo de quem vive no estrangeiro. É muito difícil. Estamos restringidos à um donativo que um emigrante no Luxemburgo nos trouxe nas férias de verão”, explica.
Antigamente, lembra o formador, a Federação Cabo-verdiana de Ténis (FCT) doava materiais no início de época, mas isso deixou de acontecer e “ficou complicado”. Quem disponibilizava os materiais era a ITF – Federação Internacional de Ténis, mas, de acordo com Miranda, parece que a direcção anterior da FCT não estava a pagar as cotas e a ITF retirou a ajuda a Cabo Verde. “Isso trouxe vários constrangimentos para as associações regionais, dificultando o nosso trabalho”, lamenta.
Outro problema prende-se com a inexistência de iluminação artificial. Como diz António Miranda, muitos atletas são estudantes e o ideal seria realizar os jogos à noite. “As vezes realizamos jogos ao meio da tarde, uma partida de ténis não tem hora certa para terminar e quando chega a noite somos obrigados a suspender o jogo”, justifica.
O principal objectivo da escola de iniciação desportiva “Turminha de Ténis de Afonso Martinho” passa pelo surgimento de novos atletas em Santo Antão, capazes de serem campeões nacionais, com melhor aperfeiçoamento e massificação dessa modalidade. O sonho da Turminha também é levar o Ténis às escolas do Ensino Básico.
A nível da Associação de Ténis da Ribeira Grande, António Miranda revela que está na fase de preparação de um torneio, em princípio a nível nacional, para homenagear três atletas que morreram e que faziam parte do clube de Afonso Martinho. O torneio está programado para o mês de Abril e a ideia é convidar atletas de todas as ilhas.
Títulos
Quanto aos títulos conquistados a nível nacional, Santo Antão possui 10 troféus: Samuel Lopes tem seis títulos (2004; 2005; 2011; 20012; 2014, 2016), Nélida Miranda tem dois (2005; 2011) Elsa Lopes, um título (2004) e Sílvia Nascimento, um título (2014). António Miranda, Lúcia Miranda, José Maurício, Andir Mendes e Sara Lopes já foram vice-campeões nacionais.
A nível das competições internacionais, os irmãos António e Lúcia Miranda, e ainda Sílvia Nascimento, já representaram Cabo Verde nos Jogos de Lusofonia e Francofonia: António Miranda na Guiné Bissau, Lúcia Miranda em Madagáscar e Sílvia Nascimento em Portugal.
ACN
Santo Antão: Escola de Ténis de Afonso Martinho aposta na formação de base
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