A primeira pedra para a construção do Centro de Cuidados Paliativos (Hospíce) “Nossa Senhora da Encarnação” foi colocada no final da tarde desta quarta-feira, 13, em São Filipe, na ilha do Fogo.
A cerimónia foi presidida pelo Cardeal Dom Arlindo Furtado, na presença do ministro da Saúde, Arlindo do Rosário, e dos presidentes das Câmaras Municipais do Fogo e Brava. O centro vai se situar no Cutelo de Açúcar, junto à Casas do Sol e ao Hospital São Francisco de Assis.
O mentor do projecto, o Padre Ottavio Fasano, padre capuchinho há 53 anos em Cabo Verde e presidente da Associação de Solidariedade e Desenvolvimento (ASDE), disse que o Centro é uma ideia pessoal que já leva muitos anos.
“O problema não é os doentes em fase terminal, mas sim os parentes que têm medo e que não aceitem a morte. Depois de ter feito o Hospital São Francisco de Assis, eu sempre tinha no meu coração esta vontade de criar uma situação mais humana e amável de acompanhar os doentes em fase terminal”, afirmou o Padre Ottavio Fasano, que como missionário, acredita que é necessário cuidar e dar serenidade e apoio a estes tipos de doentes.
O futuro Centro de Cuidados Paliativos, o quarto no continente Africado, é um projecto da ASDE, elaborado em parceria com a Fundação F.A.R.O., uma organização sem fins lucrativos de Turim (Itália) que, há mais de 30 anos, vem prestando cuidados paliativos de “qualidade” aos doentes e às suas famílias, diminuindo o sofrimento físico e existencial daqueles que já só esperam a morte.
Por isso, para o ministro da Saúde, Arlindo do Rosário, este é uma iniciativa “notável” que irá trazer uma mais-valia ao Serviço Nacional de Saúde. “Cabo Verde, neste momento, enfrenta um duplo faro das doenças transmissíveis e das doenças crónicas não transmissíveis. Os desafios são imensos e, portanto, apoiamos firmemente este projecto que parte de uma pessoa que muito tem feito para Cabo Verde e a ilha do Fogo em particular – o Padre Octtavio Fasano”, congratula-se o ministro.
A cultura dos cuidados paliativos no continente africano está, ainda, muito pouco disseminada e apenas três países (Uganda, África do Sul, Quénia) dispõem de centros de cuidados paliativos e os serviços de assistência domiciliária também são raros. O primeiro Centro de Cuidados Paliativos em Cabo Verde é dedicado ao Padre Capuchinho italiano, Ettore Molinaro, e nasce baseado na ideia de que qualquer vida humana merece uma morte digna.
O presidente da Câmara Municipal de São Filipe congratula-se com o facto do seu município e ilha acolher o primeiro centro de cuidados paliativos do país e afirma que este é uma infra-estrutura que vem trazer qualidade de vida e bem-estar aos doentes, sobretudo aqueles em fase terminal.
“Somos um concelho em que as populações vivem de uma forma muito dispersa e que na maior parte das vezes vivem distantes dos serviços de saúde, principalmente na fase em que mais necessitam. Este centro vem dar resposta a tudo isso, portanto, é um passo importante”, assevera Jorge Nogueira.
O Centro de Cuidados Paliativos “Nossa Senhora da Encarnação” deverá estar concluído dentro de um ano, em Março de 2019, e servirá os pacientes das ilhas do Fogo e Brava. O centro vai dispor de uma equipa multidisciplinar de especialistas em cuidados paliativos, que incluirá médicos, enfermeiras, psicólogos, fisioterapeutas e assistentes sociais e espirituais.
O projecto arquitectónico é da autoria do arquitecto italiano, Rocco Montagnese, e a infra-estrutura ocupará uma área de 465 metros quadrados, área construída, que vão dar lugar a cinco quartos, sete casas de banho, uma farmácia, uma enfermaria, uma casa de banho para visitantes, uma secretaria, uma casa de banho para enfermeiros, uma cozinha, duas lavandarias, corredor e terraço.
ACN