O ex-Presidente timorense, Xanana Gusmão, acusou a Austrália e uma comissão de conciliação da ONU de “conluio” com empresas petrolíferas para tentar que um gasoduto dos campos petrolíferos de Greater Sunrise siga para Darwin, segundo a rádio australiana ABC.
Numa carta obtida pela ABC, Xanana Gusmão – negociador principal das fronteiras com a Austrália – refere-se a uma suposta oferta pela Austrália de um gasoduto de cem milhões de dólares, caso Timor-Leste aceitasse a opção do gasoduto para Darwin, em vez de ser para a costa Sul de Timor-Leste, como Díli tem defendido.
A ABC não divulgou a data da carta, explicando que está endereçada à Comissão de Conciliação, tendo o jornalista divulgado vários excertos através da rede “Twitter”.
A divulgação da carta surge horas antes de Timor-Leste e a Austrália assinarem, em Nova Iorque, o tratado histórico que delimitará as fronteiras entre os dois países, do qual faz parte um acordo sobre a partilha de recursos para o desenvolvimento dos poços de Greater Sunrise.
Xanana Gusmão, que à última hora cancelou a sua esperada participação na cerimónia de Nova Iorque, liderou as negociações com a Austrália, que decorreram no âmbito de uma Comissão de Conciliação da ONU e das quais resultou o novo tratado.
Entre os excertos da carta divulgados pela ABC, Xanana Gusmão acusa a Comissão de falta de imparcialidade, de ter ido além do seu mandato ao apresentar “recomendações formais” sobre o desenvolvimento do Greater Sunrise e de ter uma “uma generosidade fora do comum por se permitir pensar em nome do povo de Timor-Leste”.
O líder timorense considera que a Comissão foi “superficial, de forma chocante”, na sua avaliação dos benefícios do gasoduto para Timor-Leste e acusa a Austrália de ter “activamente apoiado” o gasoduto para Darwin em nome da empresa líder da ‘joint venture’, a petrolífera Woodside.
Timor-Leste: Xanana acusa Austrália e ONU de conluio com petrolíferas
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