Comentários Literoverdianos”, livro póstumo de Luís Romano, é lançado esta sexta-feira, 16, na Biblioteca Nacional, cidade da Praia. A obra, de 500 páginas, reúne apontamentos do autor sobre Arménio Vieira, Eugénio Tavares, Corsino Fortes, Pedro Cardoso, entre vários outros, escritos ao longo dos anos.
A fixação do texto e melhor organização dos “apontamentos”, deixados por Luís Romano, esteve a cargo da investigadora brasileira Simone Gomes Caputo e conta com um prefácio da ex-presidente da Academia Cabo-verdiana de Letras, Vera Duarte.
Em Junho de 2009, um ano antes da sua morte, Luís Romano, romancista, poeta e ensaísta natural da Ponta do Sol, Santo Antão, enviou um documento a Simone Caputo, em que se somava um volume (com uma capa escolhida pelo autor, a imagem do navio Ernestina) contendo textos originais do seu mais recente livro, derradeiro livro. “…a fim de minorar tal ausência, tomo a liberdade de vos oferecer outra sinopse sobre a actual Literatura Cabo-verdiana, dando-vos total autoridade para eventual publicação”, dizia a mensagem de Romano para Caputo.
Segundo Simone Caputo, “o pacote com o precioso conjunto” chegou às mãos desta professora sem aviso, num fim de tarde em São Paulo, Brasil, meses depois da homenagem prestada ao Luís Romano, escritor cabo-verdiano residente desde 1962 em terras brasileiras. “Comovida com este verdadeiro presente e com a responsabilidade pela tarefa que me foi delegada pelo autor com máxima confiança, compartilhei a minha emoção com a irmã do outro lado do Atlântico, Vera Duarte. E, assim, surgiu a ideia de introduzir o livro com um prefácio binacional, tal como a paixão do insigne escritor pelos dois países que adotou de coração: Cabo Verde e Brasil”, recorda a investigadora.
O livro reúne trabalhos sobre a história da literatura de Cabo Verde. “Nele há apontamentos sobre Arménio Vieira, Eugénio Tavares, Corsino Fortes, Pedro Cardoso, entre outros”, revela Simone Caputo.
Ainda, de acordo com a organizadora da obra, Luís Romano teceu os seus “Comentários Literoverdianos”, “sempre atento” ao que se tem produzido em Cabo Verde. A actualidade de suas reflexões sobre literatura (em língua cabo-verdiana e em língua portuguesa), artes plásticas, formas musicais tradicionais e seus intérpretes, folclore, língua materna, temas de direitos humanos, as apreciações sobre obras críticas relativas a conteúdos cabo-verdianos, além de suas entrevistas transcritas perfazem um painel de múltiplas faces que permite ao leitor o conhecimento panorâmico do que se tem produzido em Cabo Verde e a respeito de suas expressões identitárias, com a acuidade de quem faz arte e conhece a história da cultura de seu país”, indica.
Por isso, acrescente Caputo, estes “Comentários literoverdianos” demonstram a vitalidade de uma voz que nunca se calou, mesmo atormentado pela doença que lhe afectou nos últimos anos de vida. “Nascido a 06 de Outubro de 1922, Luís Romano, com fôlego de menino aos 87 anos de idade, presenteou-nos com uma obra inestimável para os estudos cabo-verdianos de literatura e cultura”.
Nesta quinta-feira, 15, o acervo de Luís Romano chegou a Cabo Verde, proveniente do Brasil, país onde o escritor viveu a maior parte da sua vida e fruto de uma doação ao seu país natal. O espolio é composto por mais de 1200 itens, além de manuscritos e textos inéditos. O acervo passa a estar na posse da Biblioteca Nacional de Cabo Verde.
No âmbito da cerimónia de repatriação, o ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Abraão Vicente, condecorou, a título póstumo, Luís Romano com a medalha da ordem do Mérito Cultural de 1º Grau.
Luís Romano de Madeira Melo nasceu a 06 de Outubro de 1922, na Vila da Ponta do Sol, ilha de Santo Antão, e morreu a 22 de Janeiro de 2010, em Natal, Rio Grande do Norte, Brasil. Viveu no Brasil de 1962 até altura da sua morte, em 2010, aos 87 anos. O escritor deixou uma vasta obra literária, no entanto, “Famintos – Romance de um povo” é o título mais conhecido da sua bibliografia.
ACN
“Comentários Literoverdianos”, livro póstumo de Luís Romano é lançado esta sexta-feira
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