Bididó é uma tradição do Carnaval da Praia que nasceu nas zonas rurais e como forma de resgatar memórias vivas, jovens da zonas de Vila Nova reúnem-se, desde 2015, para brincar o carnaval à moda antiga.
“Esta tradição nasceu nas zonas rurais. Numa determinada localidade havia um senhor que pedia dinheiro na rua vestido com trapos e as crianças perseguiam-no cantando “É di bididó, é di tenterem”, depois começaram a replicar esta cena por altura do Carnaval, usavam latas, tambores feitos de papelão e tambores, semelhantes aos da Tabanka”, recorda Marcos Ribeiro, do grupo Bididó.
Este ano, o grupo anunciou uma série de atividades como forma de dar a conhecer ainda mais a tradição. “Vamos desfilar na avenida, no dia do Carnaval e escolhemos alguns bairros e escolas para brincar o bididó, para que jovens e crianças possam conhecer um pouco da tradição vivida pelos seus pais e avós”, explica Hermem Freire, promotora do grupo.
O projeto conta já com 20 jovens mas Hermem Freire diz que estão abertos a todos os que queiram conhecer e fazer parte do projeto. “A nossa maior preocupação é a segurança pois, muitos acabam por aproveitar o facto de estarem mascarados para cometerem atos ilícitos. Então, para ter um controlo maior começamos com estes 20 jovens que já conhecemos”.
“Mas, estamos disponíveis para brincar em todas as zonas da capital, queremos fazer intercâmbios com outros bairros. Aliás, no ano passado estivemos no Bairro do Brasil e foi muito bom. Muitos jovens têm manifestado interesse em participar no projeto através da nossa página de Facebook”, garante.
As atividades do grupo iniciram-se nesta sexta-feira, 02, na comunidade de Safende. Neste domingo, dia 4, o Bididó vai estar no bairro da Vila Nova e no dia 09, sexta-feira, vai desfilar pelas ruas, passando pelo bairro de Fazenda, Sucupira, Ponta Belém, Plateau, Paiol e terminam na Fazenda, brincado o carnaval com os alunos da escola da Capelinha.
No dia 11, domingo, o grupo vai estar na escola de Safende e no dia 13, dia do Carnaval, desfilam na Avenida Cidade Lisboa.
“Este ano vamos brincar vestidos com trapos velhos. Queremos ter uma ala só de trapos, uma ala só de sacos e despertar as pessoas para a questão da reciclagem”, avança Hermem Freire.
A responsável pelo grupo lamenta, no entanto, a dificuldade em convencer os jovens a participarem no projeto. “A maioria diz que não quer se vestir de trapos, que tem vergonha mesmo estando mascarado. Só os que têm sensibilidade e que convivem com as memórias dos parentes mais antigos é que realmente se interessam pelo projeto”.
Este ano, o grupo recebeu apoios da Câmara Municipal, do Ministério da Cultura e da FAO.
“Todos os anos, vamos unir esforços para conservar esta tradição. Não podemos deixar histórias e costumes locais cair em desuso porque já é complicado encontrar conteúdos relacionados com o Bididó”, afirma Hermem Freire.
c/Sapo
Grupo de Bididó quer resgatar memórias do Carnaval praiense
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