O Papa Francisco começou, na na manhã desta segunda-feira, 15, a sua vigésima segunda viagem ao exterior, com destino ao Chile, onde fica de 15 a 18 de Janeiro, e ao Peru, com estada de 18 a 21 de Janeiro.
A viagem do Papa prevê-se como complexa, afirmou o número dois do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, que admitiu, na semana passada, que “não será uma viagem simples”.
De acordo com a AFP, durante a sua permanência de três dias no Chile (de 15 a 18 de Janeiro) , Francisco se reunirá com autoridades, comunidades indígenas, religiosos e pessoas carentes, em Santiago, Temuco (600 quilómetros – Km – ao Sul de Santiago) e Iquique (mile 800Km ao Norte), onde oficiará misas.
O Papa argentino, de 81 anos, volta a um Chile muito diferente do que conheceu em seus anos de seminarista, nos anos 1970. Francisco será recebido pela actual presidente, Michelle Bachelet, uma dirigente laica que promoveu o matrimónio homossexual e a descriminalização do aborto, medidas muito criticadas pela Igreja Católica.
Sua visita ao Chile também poderá ser marcada por manifestações de associações internacionais de vítimas de abusos sexuais, por parte de padres da Igreja católica.
“A Igreja tem problemas e aposta em um discurso de valorização e reafirmação, apontando para o reforço da família, a rejeição ao aborto e ao casamento homossexual, mas atravessa conflitos internos: sacerdotes que cometeram abusos sexuais”, afirma Cristian Parker, especialista em Sociologia da Religão da Universidade de Santiago, citado epla AFP.
No Peru, onde ficará de 18 a 21, o Papa encontrará um país em plena crise política, depois do polémico indulto concedido pelo presidente Pedro Pablo Kuczynski ao ex-presidente Alberto Fujimori, condenado por crimes contra a humanidade, o que desatou uma onda de protestos.
Esta é a sexta viagem do Papa à América Latina, depois do Brasil (2013), Equador, Bolívia e Paraguai (2015), Cuba (2015), México (2016) e Colômbia (2017).
Além de encontros com povos indígenas – em ambos os países -, Francisco tratará, ainda, de outro tema de preocupação para essas populações: “a corrupção que impede o desenvolvimento, e que, também, impede vencer a pobreza e a miséria”, relatou Parolin.
O Papa Francisco confirmará, uma vez mais, seu compromisso para com as camadas mais esquecidas de sua região, tal como fez no México, Equador, Bolívia, Paraguai e Colômbia.
Em Temuco, 600 Km ao Sul de Santiago, Francisco se dirigirá à população mapuche (7 por cento da população chilena), que ocupava um vasto território antes da chegada dos conquistadores espanhóis ao Chile, em 1541.
Na capital de La Araucanía, Francisco denunciará os abusos sofridos pela comunidade mapuche, que luta há décadas por seus direitos e que conta com uma minoria radicalizada, que protagonizou violentos protestos e atacou até igrejas e seminários católicos.
Em Puerto Maldonado, em plena região amazônica, onde reina a pobreza e a exploração, Francisco será recebido por trêm mil e 500 representantes dos povos nativos, alguns procedentes da Bolívia e do Brasil.
Depois de Temuco, onde almoçará com oito membros da comunidade mapuche e de uma colorida missa com músicas indígenas, o Papa abrirá, simbolicamente, o Sínodo Especial de Bispos, dedicado à defesa da Amazônia e suas populações.
O Sínodo será inaugurado em Outubro de 2019, em Roma (Itália).
Na chilena Iquique, antes de partir para o Peru, Francisco se reunirá com duas vítimas da ditadura de militar de Augusto Pinochet ,na década de 1970, um gesto simbólico para recordar os anos mais negros da história desse país.
O Vaticano também não descartou que o Papa se reúna, no Peru, com familiares de vítimas de violações dos direitos humanos indignadas com o indulto dado a Fujimori.
Também não se exclui que, ao sobrevoar a Argentina, seu país-natal, que em quase cinco anos de Pontificado evitou visitar, anuncie a data de sua esperada viagem.