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Opinião

A falácia do Casimiro de Pina ou o mal-entendido de Procrustes

João Santos

Um cão adestrado não precisa da escolta de um outro, escolhe o seu dono. E, o meu dono é a minha própria cabeça, enquanto o Casimiro carece de autores e livro, essa, sim, uma verdadeira “cláusula de segurança”, para afirmar a vulgaridade com que abre o seu texto de opinião. A grande diferença entre nós funda-se no seguinte: – eu estudo melhor os homens do que os livros!

Sobremaneira interessante é que quando olho para a personae em causa, lembro-me do que as nossas mães contam, tamanha é sua a parecença com esse animal.

“Assim que se agarra no pau, o gato que acabou de roubar algo foge. Pode nem haver qualquer intenção de acertar com o pau em alguém, mas o gato sabia que era ladrão”. No caso dele, acresce uma agravante, corre mal, é perneta. Ora, o meu silêncio em relação à astúcia do Casimiro nunca foi cúmplice. A minha aproximação, sempre prudente, foi no sentido de o ajudar, podendo, a ultrapassar essa sua sabedoria sinistra e retorcida. Apesar de todos os pesares, nunca me afastei dele. Mas a honestidade exige parar-lhe a batota. Impõe-se, por imperativo moral, que as suas petulantes bufonarias sejam denunciadas.

Da amizade.

Seria mais fácil recordar aqui episódios escandalosos que o Casimiro tem protagonizado, como os que ocorreram em Macau, o que não faço, pela simples razão de não dever trazer para esta polémica, personalidades que nada têm a ver com a mesma. Para informação sublinho apenas o seguinte:

Casimiro teve a capacidade de reeditar, durante o curto tempo por que ali passou, o mesmo clima de hostilidade que desenvolve em Cabo Verde, com as pessoas. Falta-lhe o “social skills”, como dizem os anglo-saxónicos. Há dias, dizia-me uma pessoa que se cruzou com ele nessas paragens: ”O Casimiro não deixa saudades”!

O seu funambulismo é impressionante. Pessoas que hoje diz serem ilustres, já mereceu dele os piores epítetos.

Um renomado professor luso, que reservava sempre 10 min. das aulas  para, como dizia, um “time leisure”, informou-nos um dia:

– “Tenho dois bons amigos em Cabo Verde e já lhes disse que irei conhecer o vosso país no dia em que um deles for eleito Presidente da República”.

Bem, o que se ouviu do Casimiro sobre essas personalidades, (intelectualmente mal preparados, pensamento retrógrado, obras sem qualidade científica, enfim, …), pela deselegância, deixou o professor e a turma boquiabertos. Remataria:

“É bem mais provável que eu venha a ser eleito Presidente da República de Cabo Verde do que os seus amigos!”.

Típico de um vendilhão, apenas.

Da desonestidade e falta de carácter.

Os nomes com que me tem brindado são atributos dele, e só dele. Não ostento essas insígnias filauciosas, em absoluto.

Então, uma pessoa que se entrevista a si próprio e faz publicar como se a mesma tivesse sido dirigida pelo jornal, neste caso um online, pode relativizar o seu carácter ao meu?

Quem cria perfis falsos para se auto-elogiar, faz peças sobre si próprio e manda publicar num jornal, dando conta do seu regresso ao país e da sua distinção enquanto estudante no estrangeiro, pode falar em honestidade? Quem recebe de alguém toda a documentação para um ensaio jurídico e não faz a menor menção desse facto, é digno? Não terá ganho o célebre “campeonato do jogo de uril” com recurso a ba- to-ta?

Da violência, inveja, cinismo, malandrice e absurdos.

Epitetar uma pessoa de tudo isso, apenas porque escreveu um artigo de opinião que não lhe agradou, ainda que dura, eventualmente, mas educada, é sinal de que, afinal, a carapuça foi-lhe rigorosamente talhada.

Se disser que o Casimiro é muito mau, violento, super malandro, é porque já experimentei essas dimensões que a sua personae esconde. A máscara que afivela, de uma fragilidade aparentemente angelical, cobre uma violência que se enraíza, talvez, no facto de se imaginar superior aos restantes.

Compartilhei um quarto com ele em Macau. Só não reproduzo o que sofri nas suas mãos, porque estaria a desrespeitar a memória da minha saudosa mãe. 

Preocupado com o facto do Casimiro se sentir perturbado com a minha presença, esperei uma melhor oportunidade para mudar.

Até lá, o que é que eu fiz? Inverti o meu ciclo biológico. Dei-lhe as noites inteiras no quarto, sozinho, enquanto ficava na sala de computadores, a estudar. Fiz isso durante todo um ano lectivo, praticamente.

À Fundação Direito e Justiça, com conhecimento ao Casimiro, dei conta da situação. Pena, não posso arrogar dessa coisa preciosa que a sua saudosa avó lhe ensinou: – guardar relíquias. Esse email e a resposta do Casimiro, são relíquias preciosíssimas. Ele os tem e pode divulgá-los.

No dia em que deixava o quarto, teve o desplante de se oferecer para me ajudar na mudança. O que ouviu, seguramente nunca tinha ouvido de ninguém. Como é que uma pessoa com tanta maldade a povoar-lhe a alma podia ajudar-me? Estava disposto a dar-lhe umas quantas lategadas, mas chorou tanto, ranho a sair-lhe pelo nariz, as calças a cair-lhe, eu, com pena da “fraqueza” que tinha à frente, decidi adiar-lhe a sova.

Sou malandro, acha, porque não digo ter sido Revel a lembrar o que um dia disse Giancarlo Pajeta, a propósito do pluralismo. Então essa citação é exclusiva do Revel? Eu não concorro consigo nas escritas convergentes. Abomina os comunistas, é? Pois, permita-me dizer-lhe que o alcance que tem da democracia é semelhante à de Procrustes que, com a incumbência de, com recurso a processos de aferição psico e fisiométrico, aferir quem era democrata entre os atenienses, desencadeou verdadeiros actos de terror nessa sociedade. À sua medida, construiu uma cama que lhe viria a servir de instrumento de medição. Para que todos nela coubessem exactamente, Procrustes esticava ou decepava as pessoas. Depois informou: – “todos os atenienses têm o mesmo tamanho”! Como o Casimiro, Procrustes era um fervoroso democrata. Eliminou as diferenças. Mas nem um nem outro captaram a essência da democracia.

Então não leu John Rawls que, por sinal, também lhe apresentei? Mas foi com Canotilho, um homem assumidamente de esquerda, que estudou Direito Constitucional, como era Orlando de Carvalho, que lhe ensinou tanta coisa (!), designadamente a Teoria do Direito. Então, numa sociedade plural, com interesses tão conflituantes, quantas vezes incompatíveis, qual o “standard”, qual o critério que se deve convocar para permitir que um não anule outro? É o valor da TOLERÂNCIA! De tão básico que ainda não o captou.

Cinismo mora consigo ao não reconhecer que fui eu quem lhe apresentei JCEspada. Apresentei-lhe o seu “A Tradição da Liberdade e, ainda, a revista Nova Cidadania de que Espada é director. Casimiro trabalhava na A. N., encontrou o livro na biblioteca do parlamento. Devorou-o, gostou. Foi atrás do Espada, via email, que lhe enviou todos os números da revista. Para quê? Para divulgação. E o que fez? Escondeu-os!

Todos os artigos de opinião publicados e que resultaram na compilação do que pomposamente chama obra, são textos lidos, ademais convergentes, sem nenhum pingo de criatividade, copiados nos das revistas em apreço.

Canotilho refere-se, reconhecidamente, na sua tese de doutoramento, a quem lhe deu informações sobre a teoria linguística e filosofia da linguagem, lhe corrigiu estilos linguísticos, etc. Por isso deve ser tido como um trapalhão?

Pela pena de Francis Bacon, dou-lhe mais uma ajuda, aqui, para que recorte e leia, todos os dias, ao levantar da cama.

“É a esperteza dos ratos, que saberão abandonar a casa antes de ela cair; é a matreirice da raposa que expulsa o texugo do buraco onde se vai alojar; é a hipocrisia do crocodilo que, chorando, atrai a presa para a devorar. Mas o que é especialmente digno de nota é que as pessoas que são sui amantes sine rivali (amantes sem rivais) acabam, muitas vezes, no infortúnio.

Desde o tempo dos gregos que o excesso orgulhoso, “hybris”, é tido como fonte da origem humana da violência. Casimiro é um canibal do seu próprio coração. Não tem a quem se confessar. Pena!

Santosjfb@gmail.com

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