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São Vicente

Acusados tripulantes de barco onde foi apreendida mais de tonelada de cocaína

Os quatro tripulantes do veleiro que transportava 1.157 quilos de cocaína apreendido em Agosto foram acusados de tráfico de droga agravado e associação criminosa.

A informação é avançada pelo jornal online Notícias do Norte, que cita a nota de acusação, datada de 20 de dezembro, quatro meses após a Polícia Judiciária (PJ) de Cabo Verde ter apreendido a cocaína num iate atracado no Porto Grande do Mindelo.

O iate, que saiu do Brasil e chegou a São Vicente, tinha como destino a Europa, e trazia a droga escondida no casco da embarcação em 1.063 pacotes.

Durante a operação, quatro homens foram detidos, ouvidos depois em Tribunal, tendo dois – um brasileiro e um francês, o capitão do veleiro, ficado em prisão preventiva e outros dois brasileiros sob Termo de Identidade e Residência (TIR).

Na ocasião, a decisão do juiz de deixar dois dos implicados no caso em liberdade não agradou ao Ministério Público, que recorreu para o Tribunal da Relação, por entender que a medida era prejudicial para investigação, para a própria segurança dos indivíduos e havia risco de fuga.

Quatro meses depois, o Tribunal da Relação de Barlavento, instância superior, deu provimento ao recurso e ordenou a detenção dos arguidos até ao julgamento.

Poucos dias após a detenção, familiares colocaram a circular um abaixo-assinado na internet pedindo a libertação dos três brasileiros, justificando que o objetivo é sensibilizar as autoridades cabo-verdianas que são inocentes e que foram usados «por uma quadrilha internacional».

«Neste momento, existe uma forte pressão para que eles se assumam culpados, incluindo ameaças à integridade física e se forem considerados culpados, poderão receber uma pena de até 15 anos de prisão», lê-se no documento, já com mais de 6.800 assinaturas, sendo que o objetivo é chegar às 7.500.

No abaixo-assinado, os familiares informam que a imprensa brasileira já está a preparar uma matéria a ser divulgada amplamente nos principais veículos de comunicação do país, «a fim de mostrar que a tripulação foi vítima de uma rede internacional de tráfico de drogas».

A acusação, citada pelo Notícias do Norte, refere que «os arguidos sabiam que era proibida a detenção e transporte dos produtos apreendidos e que mesmo assim não se abstiveram de tal conduta».

O Ministério Público considerou ainda que agiram «livres, deliberada e conscientemente, mesmo sabendo que tais comportamentos eram proibidos por lei» e concluiu que «todos os agentes envolvidos no processo, incluindo todos os arguidos, pretendiam com o transporte da quantidade de droga, obter avultada remuneração remuneratória».

Os 1.157 quilos de cocaína, que foram queimados uma semana depois, foi a maior quantidade de droga apreendida na ilha de São Vicente, depois dos 521 quilos no caso Perla Negra, em novembro de 2014, numas das praias da ilha.

Foi também a segunda maior quantidade alguma vez apreendida em Cabo Verde, após a operação «Lancha Voadora» que, em 2011, culminou com a apreensão de uma tonelada e meia de cocaína em estado de elevada pureza escondida na cave de um prédio na cidade da Praia.

Lusa

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