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Política

Presidente do MpD, Ulisses Correia e Silva: “Vamos ganhar com maioria absoluta”

Ulisses Correia e Silva mostra-se confiante na vitória do MpD nas legislativas de 20 de Março de 2016. Aponta finais de Dezembro ou início de Janeiro para suspender o seu mandato como presidente da Câmara Municipal da Praia (CMP), e, na mesma data, deverá divulgar os nomes que irão integrar as listas para as próximas eleições legislativas pelo seu partido. Nesta entrevista, deixa a entender que Jorge Carlos Fonseca continua a merecer o apoio do MpD para as próximas eleições Presidenciais.
A NAÇÃO – Uma sondagem divulgada recentemente apontava uma vitória do PAICV sem maioria absoluta. O MpD tem essa leitura?
Ulisses Correia e Silva – Não nos guiámos por sondagens. Guiámo-nos, sim, pelo nosso trabalho e pela percepção daquilo que é o sentimento dos cabo-verdianos, pela relação de confiança que temos estado a criar com o eleitorado, tanto no país como na diáspora. Mas a grande sondagem vai ser no dia das eleições, para isso, estamos tranquilos e conscientes de que estamos a fazer um bom trabalho para a vitória.
E o que é que dizem as sondagens encomendadas pelo MpD?
As sondagens que temos feito são instrumentos de trabalho que nos dão pistas para reforçarmos a nossa acção e o que posso garantir é que temos estado sempre à frente do PAICV. Não nos preocupamos com as sondagens, mas sim com o nosso próprio trabalho e com as garantias que damos ao cabo-verdianos relativamente à governação do país.
As sondagens também apontam que a UCID poderá melhorar o seu score eleitoral. Numa situação de maioria relativa, o MpD está disponível para uma coligação pós-eleitoral com a UCID?
Nós vamos ganhar com maioria absoluta. Esse é o nosso cenário e está completamente ao nosso alcance.
Prometeu divulgar as listas em Novembro, já estamos em meados de Dezembro e ainda nada. Está a ser um parto difícil?
Tivemos datas de referência tendo em conta a perspectiva de eleições em Fevereiro. Iniciámos o nosso processo tendo em conta essa baliza, mas agora, com a marcação das eleições para 20 de Março, ganhamos mais tempo para aprimorar o processo. O instrumento da sondagem que vamos utilizar para a escolha dos candidatos está concluído e, brevemente, iremos reunir a Direcção Nacional para podermos fazer as escolhas conforme os critérios e os métodos aprovados nesse órgão.
Esses critérios dão-lhe prerrogativas para escolher personalidades com competências em diversas áreas para integrarem as listas. Esse critério é para cumprir?
Sim! É para cumprir.
Já identificou essas personalidades?
Colocamos todas as pessoas interessadas, incluindo aquelas que poderão fazer parte nesse tal núcleo de competências políticas, nesse instrumento de sondagem.
Haverá independentes?
Temos várias possibilidades: militantes, não militantes, independentes e há um leque de escolhas possíveis de bons candidatos que queremos apresentar quando fecharmos as listas.
Renovação
A promessa de uma renovação nas listas é para cumprir?
Sim, é para cumprir. Não só a renovação, como uma presença significativa de mulheres e de jovens nas listas.
Significa então que alguns históricos irão para a casa?
Não há históricos. Temos militantes, simpatizantes, gente da sociedade civil que se disponibiliza para partilhar os mesmos valores e princípios do MpD e é dentro desse lote de possibilidades que vamos escolher. Não temos dicotomias entre históricos e recentes, todos são do MpD.
Humberto Cardoso será um dos que ficará de fora das listas, tendo em conta o recente confronto com o líder do partido?
Não houve confronto, houve sim um posicionamento de um deputado e militante, que já desempenhou funções importantes no MpD. É uma posição que respeitamos, mas não vou avançar qual será o conteúdo das listas.
Carlos Veiga: muito respeito
Carlos Veiga vai constar das listas? Fala-se da possibilidade de ele vir assumir o cargo de presidente da Assembleia Nacional (AN).
São as pessoas a fazerem a antecipação de cenários. O presidente da AN é eleito entre os deputados no Parlamento. Haverá tempo suficiente, depois das eleições, para nos debruçarmos sobre quais serão as melhores opções. Não estamos aqui a fazer colocação de pedras de xadrez no tabuleiro para definir quem é quem dentro do sistema de governo ou dentro do sistema parlamentar, se for o entendimento dos cabo-verdianos dar-nos a vitória nas eleições. Estamos a gerir esse processo com toda a tranquilidade possível.
Mas já se falou de Carlos Veiga na lista de Santiago Norte ou Sul?
São especulações. Não tem nada a ver com nenhuma intenção nossa e nem se quer se debruçou sobre o assunto nos órgãos do MpD. O que se anda a fazer com a figura de Carlos Veiga é algo que diminui, de certa forma, a sua trajectória enquanto político, enquanto homem que deu muito para Cabo Verde, que foi primeiro-ministro com duas maiorias qualificadas. Não é justo o uso que se tem estado a fazer do nome dele por peões no jogo de xadrez político. Carlos Veiga é uma pessoa que deve ser respeitada e o próprio país deveria ter maior respeito por ele. Temos uma boa relação de amizade e de participação política com Carlos Veiga e ele continua extremamente engajado no MpD.
Publicitação de listas
Tinha prometido que em Dezembro deixaria a presidência da Câmara Municipal da Praia (CMP) para se dedicar exclusivamente ao partido. Esta promessa é para valer?
Brevemente irei anunciar, não posso dizer exatamente qual é a data, a minha suspensão do mandato na CMP, para que eu possa me apresentar às eleições enquanto candidato a primeiro-ministro.
Isto quer dizer que este anúncio não será em Dezembro?
Será em Dezembro ou nos primeiros dias do mês de Janeiro.
E em relação à presidente do PAICV, acha que ela deveria deixar o Governo?
Depende dela, não vou fazer nenhum juízo de valor relativamente à posição que ela tem no Governo e a acumulação como presidente do PAICV. A única avaliação que faço é do desempenho do Governo e dela, particularmente, no sector governamental no qual tem responsabilidades: o descalabro no emprego; uma juventude sem esperança, derivada da falta de oportunidades de emprego e de dificuldades inerentes à situação das famílias que não têm rendimento para criarem condições para um vida condigna; o falhanço na formação profissional, porque se está a formar para o desemprego. Esta é a avaliação, o resto são opções dela de manter, ou não, a acumulação de funções neste momento.
Quem será o seu sucessor na CMP?
Haverá um substituto legal e não um sucessor, mas isso será definido no momento próprio.
Mas já há um nome?
Não, porque é uma mera decisão administrativa de quem substitui o presidente nas suas ausências e impedimentos.
Em 2011, o MpD contraiu um empréstimo junto à banca no valor de 89 mil contos para financiar a campanha. Vão manter esse valor ou pretendem aumentá-lo nestas eleições?
Não posso avançar os valores porque ainda não aprovamos o orçamento na Comissão Política e na Direcção Nacional. Temos, mais ou menos, a ideia do valor, mas será um investimento necessário para fazermos uma boa campanha eleitoral.
Os gastos das campanhas eleitorais não serão excessivos?
Em 2010 propusemos um conjunto de medidas de alteração da lei, que poderiam ter impacto na redução das despesas, mas o PAICV não aceitou. E como a alteração da lei obriga a dois terços, seria impossível avançarmos sozinhos. Uma dessas medidas seria a eliminação de “showmícios” e conseguiu-se, de certa forma, regrar esse aspecto, mas na prática não se aplica. Levamos uma proposta no sentido de reduzir determinados tipos de materiais de campanha, particularmente o plástico, que acaba por redundar em prejuízo para o ambiente, e outras medidas para reduzir os custos, mas, infelizmente, as nossas propostas não passaram. Hoje continuamos a viver com este problema que obriga, no futuro, repensar não só o tipo de campanha que se faz, mas o custo associado à mesma.
O presidente da UCID, António Monteiro, disse, numa recente entrevista ao A NAÇÃO, que o dinheiro é que ganha as eleições. Concorda?
Não sei como é que ele explicitou isso, mas que há fenómenos que têm a ver, quer com as eleições directamente, quer com a fase anterior às eleições, em que os dinheiros públicos são usados muitas vezes para fazer condicionamento eleitoral. O fenómeno da compra de votos nem sequer é uma denúncia nossa; Felisberto Vieira, enquanto candidato que concorreu com Janira Hopffer Almada, fez denúncias públicas sobre isso. Fê-lo, também, nas eleições presidenciais. É uma prática do PAICV alimentada por dinheiro, mas não chega ao ponto de se determinar e de se fazer afirmações taxativas de que é o dinheiro que ganha as eleições.
Já começaram a pensar nas eleições autárquicas? Haverá renovação?
Eleições autárquicas só depois das legislativas.
Apoio a Jorge Fonseca
Jorge Carlos Fonseca ou Carlos Veiga, qual deles será o candidato presidencial do MpD?
Esta questão será tratada no seu devido momento, mas o que lhe posso dizer é que eu, em particular, e o MpD, no global, consideramos que temos um bom Presidente da República, que está a desempenhar bem a sua função, um guardião por excelência da Constituição, um presidente próximo das pessoas e isso diz tudo.
 
 

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