O Governo vai validar um plano estratégico de cinco anos para combater o consumo excessivo do álcool, prática que segundo o executivo tem aumentado e tem causado vários problemas sociais no arquipélago.
Segundo a ministra da Saúde cabo-verdiana, Cristina Fontes Lima, o “Plano Estratégico de Combate aos problemas ligados ao álcool em Cabo Verde 2016 – 2020”, que será validado num encontro de dois dias que começou hoje na cidade da Praia, contempla, entre outras medidas, a proibição da publicidade ao álcool nas ruas.
Também terá mensagens e campanhas de sensibilização direcionadas sobretudo aos jovens, melhoramento da legislação e das respostas nos centros de saúde, nos centros de juventude, na comissão de combate à droga, nas associações e nas famílias, avançou a ministra.
Segundo dados do 1.º inquérito nacional sobre a prevalência de consumo de substâncias psicoativas na população geral, publicado em 2013, o álcool é a droga lícita mais consumida em Cabo Verde, com uma taxa de prevalência de 63,5%.
Cabo Verde é o terceiro dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) que mais consome álcool, revelou o “Relatório global sobre o álcool e a saúde 2014”, publicado em maio último pela Organização Mundial de Saúde.
Segundo o estudo, os cabo-verdianos consumiram, em 2010, uma média de 6,9 litros de álcool puro por ano, ligeiramente mais do que em 2003-05 (6,5), número que sobe para 17,9 litros quando se excluem os 61,4% de abstémios do país.
Cristina Fontes Lima, que considerou o consumo abusivo do álcool como a “mãe de todas as epidemias” no país, indicou que a prática não tem diminuído, dando como exemplo as muitas festas, festivais, comemorações, que são pretextos para se consumir muito álcool.
“Temos de ter um limite das coisas para termos estilos de vida saudáveis e de ter uma ideia moderna de ser feliz e de comemorar”, mostrou a governante, salientando que o consumo excessivo de álcool é um problema das ilhas, dando como outro exemplo as Maurícias.
O plano estratégico, que será articulado com outras instituições, visa melhorar as estatísticas sobre o consumo de álcool em Cabo Verde e disciplinar o uso de bebida de má qualidade, o que, espera Cristina Fontes Lima, possa acontecer com a nova lei da aguardente.
Até agora, Cabo Verde tem realizado “ações pontuais” para combater os problemas ligados ao uso excessivo de bebidas alcoólicas, como a criação de legislação que disciplina a publicidade, campanhas de sensibilização para não condução sob efeito do álcool ou proibição de menores em locais onde se vende essas bebidas.
Para a ministra da Saúde, o país precisa melhorar a implementação dessa legislação, bem como de outras intervenções, porque os custos para as famílias e para o Estado têm sido elevados.
Sem precisar números, a ministra indicou que o país tem muitas pessoas incapacitadas por causa do uso excessivo do álcool, o que põe em causa a sustentabilidade da segurança social.
“O caminho que temos de fazer é tentar trabalhar nesses códigos que estão a ser seguidos pela nossa sociedade para mudarmos o nosso comportamento e a nossa relação com o divertimento, com o álcool e com o convívio”, desafiou, enfatizando que, antes da fiscalização das leis, a responsabilidade primeira deve ser das famílias, para controlarem os hábitos dos seus filhos.
Fonte: Lusa
Cabo Verde valida plano de cinco anos para combater consumo excessivo de álcool
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