A UCID quer ser a terceira força política no país. Esta aspiração é manifestada pelo líder desse partido, António Monteiro, que acredita numa melhoria significativa, em termos de escore eleitoral dos democratas cristãos, nas Legislativas de 2016. António Monteiro diz, ainda, que a UCID vai lutar “taco-a-taco” para eleger a maioria dos deputados em São Vicente. Monteiro garante , também, que a UCID viabilizará qualquer Governo em situação de minoria no Parlamento.
As sondagens que têm vindo a público indicam que a UCID melhorará o seu escore em São Vicente, e, eventualmente, elegerá um deputado em Santo Antão. Esta é a vossa percepção?
As sondagens quando não são publicadas e sem qualquer rigor científico deixam algumas dúvidas. A sensação que temos, do trabalho feito no terreno, em São Vicente, em toda a ilha de Santiago, na ilha do Sal e em Santo Antão, é que o partido tem estado a crescer bastante. Somos sempre bem recebidos nos trabalhos de campo, que fazemos todos os fins-de-semana. Há três anos que temos feito um trabalho de formiga em Santiago onde somos confrontados pela população sobre o desempenho do Governo e das Câmaras Municipais. Sentimo-nos muito à-vontade junto das populações por todas as ilhas onde a UCID vai fazendo o seu trabalho. A sondagens que têm sido divulgadas, para nós, pecam por escassez.
Quais são os principais objectivos da UCID para as legislativas de 2016?
Queremos, em primeiro lugar, fazer o partido aumentar o seu score eleitoral. Queremos ser efectivamente a terceira força política em Cabo Verde, com um número de deputados suficientes para podermos influenciar a governação do país. O segundo objectivo passa por ter um partido com uma base social muito mais alargada do que aquilo que nós temos até hoje. E o terceiro objectivo é estarmos preparados e conscientes de que, face à situação que o país enfrenta, neste momento, a UCID terá que ter uma capacidade política e técnica suficiente para ajudar a resolver os problemas do país.
Vão concorrer em todos os círculos eleitorais?
O nosso objectivo é concorrer em todos os círculos eleitorais. Mas, como sabe, a UCID depara-se com um problema grave, que é a questão financeira. Não tendo todos os recursos financeiros necessários para concorrermos em todas as ilhas e em todos os círculos na emigração, provavelmente um, ou outro, círculo poderá ficar para trás. Mas o meu objectivo pessoal como presidente da UCID e de todos os membros da direção do partido, é ter os recursos necessários para dar-mos respostas à população e apresentarmos alternativas políticas às pessoas, para não ficarem sempre as mesmas possibilidades de escolha.
Pegando na deixa do financiamento, nas eleições de 2011 contraíram um empréstimo de 14 mil contos junto à banca. Pretendem manter ou aumentar esse montante, tendo em conta os desafios que já apontou?
A UCID não pode dar passos maiores que a sua capacidade. Já estamos à procura de financiamento bancário, não vamos esconder, pretendemos pedir 16 mil contos para o financiamento da campanha eleitoral para as legislativas de 2016. Mas temos uma dívida perante o banco e, destes 16 mil contos, vamos ter que amortizar quatro mil, que é o total da nossa dívida. Com isso, teremos à nossa disposição 12 mil contos para financiar a nossa campanha.
Vamos ter que pedir, junto dos nossos amigos e militantes, o apoio financeiro para que possamos ter as condições no sentido de desenvolver toda a campanha eleitoral, com vista a um bom resultado.
O custo das campanhas fica extremamente elevado por causa das passagens e dos comícios. Mas enquanto não se repensar essa situação teremos que correr atrás do prejuízo e, pelo menos, em São Vicente vamos ter que fazer igual aos outros partidos fazendo um “copy paste” das suas acções de campanha, porque é a ilha onde sentimos que há fortes possibilidades de ganharmos as eleições. Nos outros círculos, face à limitação de recursos, vamos ter que adoptar uma outra estratégia, que será, em vez de comícios, de contactos porta a porta, utilizar muita comunicação social e tirar dividendos das nossa capacidades técnicas para mostrar o povo que poderemos ser diferentes em relação aos outros.
Os gastos não serão excessivos, durante as campanhas eleitorais?
Na altura da aprovação do Código Eleitoral, quisemos impor um limite dos gastos, mas, infelizmente, nem o partido A e nem o partido B aceitaram a nossa proposta. Sabemos, isso não é segredo para ninguém, que o dinheiro conta, e muito, para se ganhar as eleições e os partidos usam e abusam dessa situação, porque optam pela compra das consciências. O dinheiro que é gasto nas campanhas eleitorais é excessivo e os partidos devem pôr a mão na consciência e ver que não faz sentido gastar tanto, quando há pessoas a viverem abaixo do limiar da pobreza.
Tudo indica que nenhum dos partidos do arco do poder obterá maioria absoluta nas próximas eleições. Como é que a UCID encara essa possibilidade?
Encaramos essa possibilidade com muita responsabilidade, a UCID não pode embandeirar-se em arco perante essa eventualidade dizendo que chegou a nossa vez e nós é que vamos ditar as regras do jogo, não! A UCID tem de continuar a ser humilde, respeitador e, acima de tudo, muito responsável, caso isso vier a acontecer. O que importa não é a UCID, que é apenas uma ferramenta política que qualquer cidadão deve usar para melhor servir Cabo Verde. E se o povo nos der essa responsabilidade de sermos o fiel da balança, de sermos a terceira força, no verdadeiro sentido da palavra, para ter a responsabilidade política de, em determinadas situações, decidir para que lado o país deverá ser conduzido, daremos o nosso contributo para melhor servir Cabo Verde, independentemente de quem estiver no Governo.
A UCID estaria então na disponibilidade de viabilizar um governo sem maioria no Parlamento?
Claro que sim! Estamos na política não para nos servirmos. Estamos na política para servir o país. Se o povo decidir no partido A ou B, como vencedor das eleições, teremos a mesma postura que temos tido até agora no Parlamento. Isto é, nos guiamos por uma conduta que é servir Cabo Verde, apresentarmos propostas, ideias, alterações aos projectos de lei, ao orçamento, etc., e, se o partido que ganhar as eleições, tiver a serenidade e a sapiência suficiente para atempadamente consertar com a UCID, mostrando-nos a bondade dos diplomas e, ao mesmo tempo, aceitando as nossas propostas, estaremos totalmente disponíveis para viabilizar a governação do país. Não podemos ser um entrave ao desenvolvimento e nem podemos ser uma pedra no sapato de qualquer que seja o Governo.
Não exigirão contrapartidas para viabilizar um Governo minoritário?
A UCID estará aberta para viabilizar o Governo. A única contrapartida que nós exigiremos é que o país seja bem governado. E se para se ter um país bem governado ser preciso uma cooperação política forte com a UCID, exigiremos isso, com certeza.
Qual é estratégia da UCID para as eleições autárquicas?
A questão financeira, como lhe disse, dificulta imenso a nossa acção, mas para os concelhos como a Praia, Santa Catarina de Santiago, São Filipe do Fogo, Sal, Boa Vista, Porto Novo e Ribeira Grande de Santo Antão iremos apresentar as nossas candidaturas para podermos influenciar a governação. Lá onde não tenhamos candidatos fortes procuraremos cidadãos interessados em dar o contributo para os seus municípios. Poderemos ter listas encabeçadas por independentes, na Praia, em Santa Catarina ou em São Filipe.
Será candidato à Câmara de São Vicente?
Não sei dizer.
Em relação às Presidenciais. Será desta que a UCID terá um candidato?
Os partidos não devem ter candidatos próprios. As candidaturas às eleições presidenciais devem ser de cidadãos. Se aparecer um candidato que entenda ter condições necessárias para ser um bom Presidente da República, daremos o nosso apoio, sem qualquer problema. Para lembrar que nós apoiamos Pedro Pires em 2001.