Uma das grandes criticas dos operadores de desportos náuticos é, sem dúvida, o “facilitismo” dos empresários estrangeiros em relação aos nacionais na montagem de negócios na área.
Franklin Spencer não nega as queixas e aponta mesmo que este assunto é uma das questões a serem “vistas” para se efectivar a implementação do referido cluster.
O que se tem verificado em Cabo Verde, segundo Spencer, é que muitos estrangeiros, às vezes, sem formação e sem estarem certificados, têm chegado e conseguido estabelecer-se no sector de desportos náuticos, sem problemas. Enquanto que, o mesmo “facilitismo”, já não se verifica quando se fala dos próprios cabo-verdianos.
“Então, eu pergunto porquê que três ou quatro cabo-verdianos têm que passar por todo o processo de certificação e licença, mas um estrangeiro chega e instala-se. Uma pessoa não pode simplesmente vir com uma prancha debaixo do braço e começar a dar formação, para dar formação em mergulho ou outra área tem que se estar certificado para isso”, adverte.
Como prova, aponta o caso de uma empresa constituída por cabo-verdianos que quer estabelecer-se na zona do Calhau, São Vicente, para oferecer serviços na área de mergulho, mas que está há algum tempo a tratar junto da Agência Marítima Portuária (AMP), de toda a documentação para a licença.
Essa mesma agência que, através do antigo presidente, José Fortes, considerou que a actividade “ilícita “ dos estrangeiros na ilha do Sal precisava de legislação específica.
“Acredito que não, porque se toda a actividade comercial, um bar, uma mercearia, precisa de uma autorização, toda e qualquer pessoa que venha exercer no território nacional uma actividade comercial, tem que ter uma licença, ou passada pela câmara ou pelo Governo, não a tendo não pode exercer. Sendo nacional ou estrangeiro”, afirma.
Spencer acredita que é devido a essa “desigualdade” de tratamento que os empresários nacionais não têm apostado tanto no sector. Mas, ciente do “enorme” potencial que os desportos náuticos têm, os mesmos foram eleitos como tema primordial da última edição da feira do mar, Expomar.
Inclusive, a Direcção-Geral dos Desportos criou o plano estratégico para desenvolvimento dos desportos náuticos que permitiu que esse sector fosse assumido pelos poderes públicos com “políticas claras”.
Segundo essa fonte, ainda na óptima de valorização dos desportos náuticos, Cabo Verde pondera a realização, daqui a dois ou três anos, de uma mini-regata, com partida de Portugal rumo a Cabo Verde, passando por Açores e Canárias, ou indo até o Brasil.
Também existe a possibilidade de se candidatar a uma regata que Angola vai organizar em 2016, uma participação que depende ainda da reestruturação do Clube Náutico de São Vicente, já que uma das exigências é ter instituições com domínio na formação da vela.
Estrangeiros com mais “regalias” nos negócios de desportos náuticos que cabo-verdianos
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