As tão esperadas obras no “Liceu Velho”, em São Vicente, estão previstas para arrancar em Dezembro. A remodelação, conforme dados apurados pelo A NAÇÃO junto da Reitora da Universidade de Cabo Verde (Uni-CV) , Judite Nascimento, terá a duração de seis meses e está orçada em mais de 47 mil contos.
Parece ser agora que o “ Liceu Velho”, antigo Gil Eanes e depois Escola Preparatória Jorge Barbosa, e onde hoje funciona o Departamento de Ciências Sociais e Humanas da Uni-CV, em São Vicente, vai conhecer a reabilitação que reclama há vários anos. As expectativas para o arranque das obras, conforme informações da Reitora daquela universidade pública a quem o Governo doou o edifício a título definitivo é “meados do mês de Dezembro”.
Ainda segundo aquela responsável, os trabalhos têm a duração de seis meses e contemplam intervenções como a reabilitação/restauração do bloco principal e a reconstrução do alpendre do bloco central. Conta-se ainda reabilitar as casas de banho de uso geral e ainda construir uma cantina para os estudantes.
Todo projecto está orçado em mais de 47 milhões de escudos (47.614.412 escudos), montante esse que vai ser custeado pelo Governo de Cabo Verde e pela Cooperação Portuguesa através do Instituto Camões. Este último entra com cerca de 22 mil contos. A parte do Governo, mais de 25 mil contos, como adianta Judite Nascimento, está prevista para o Orçamento de Estado de 2016.
Mas essa parceria público-privada para restaurar e requalificar o edifício onde, no passado, funcionou o Liceu Gil Eanes e mais tarde a Escola Preparatória Jorge Barbosa, vinha sendo estudada há já algum tempo. E tanto assim é que em Outubro do ano passado, e como o próprio A NAÇÃO noticiou na altura, uma delegação do Instituto Camões visitou o edifício para constatar, in loco, o estado em que se encontrava.
Nessa altura também, o ministro de Ensino Superior, Ciência e Inovação, António Correia e Silva, avisava que havia vários cenários sobre a mesa e que toda a intervenção que se viesse a fazer no “Liceu Velho”, seria pensado com muito cuidado para não descaracterizar esse símbolo da história educativa de Cabo Verde e de Portugal. “Não haverá nenhuma remodelação que ponha em causa a essência do património e estamos a trabalhar com o Instituto Camões essa ideia”, afirmou.
Mais dignidade
Ainda em 2014, a Câmara Municipal de São Vicente fez algumas intervenções, que deixaram muito mais apresentável a fachada dessa que foi a “casa” de escritores e poetas como António Aurélio Gonçalves, Baltasar Lopes da Silva, Teixeira de Sousa, Gabriel Mariano, João Manuel Varela, entre outras figuras cabo-verdianas.
Contudo, quem entra no edifício pode constatar fissuras nas paredes, infiltrações e o telhado a bradar por obras. Um cenário que, a partir de Dezembro, poderá ser mudado com o início de remodelação desse património que fez parte do trajecto escolar de personalidades como Amílcar Cabral, Pedro Pires, Onésimo Silveira e outros quadros que ajudaram a construir o Estado de Cabo Verde.
São Vicente: Obras no “Liceu Velho” começam em Dezembro
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