A poucos meses do próximo ciclo eleitoral, os partidos políticos recorrem a estudos de opinião para saberem como está a tendência do eleitorado. O primeiro partido a dar sinal de vida neste campo é o PAICV, mas o MpD não lhe fica atrás. Quer um quer outro dizem ter sondagens que lhes dão a vitória. E, em ambos os estudos, a UCID aparece a aumentar de dois para três deputados na Assembleia Nacional.
Uma sondagem da MGF Research, instituto sedeado em São Vicente, indica que, se as próximas eleições legislativas fossem realizadas até início de Outubro último, o PAICV ganharia as eleições, mas sem maioria absoluta. O estudo coloca o partido da estrela negra quatro pontos percentuais à frente do MpD e mais de 40 à frente da UCID.
Guilherme Flor, director do MGF Research, informa que esses dados advêm de um estudo realizado pela sua empresa, entre os dias 6 de Setembro e 10 de Outubro, e que dão ao PAICV 48,2 por cento (%) das intenções de voto contra 44% do MpD e 7,8% da UCID.
Feita essa confirmação ao A NAÇÃO, Flor aproveita para salientar que não corresponde à verdade o estudo atribuído à MGF Research por um outro semanário da praça, A Voz, e que coloca o MpD à frente nas intenções de voto.
A sondagem certificada por aquele especialista mostra que, à data da realização do estudo, que inquiriu mais de três mil pessoas (3006), o PAICV ganharia na maioria dos círculos eleitorais do país onde se elegem mais de três deputados, nomeadamente Santiago Sul, Santiago Norte, Santo Antão, Fogo, Sal. A excepção seria o círculo de São Vicente onde a UCID tem maior expressão eleitoral, fazendo com que se desenhe um cenário de disputa renhida entre os três partidos sondados – o PAICV, o MpD e a UCID.
Duas leituras
Quem já analisou a sondagem do instituto comandado por Guilherme Flor considera que, apesar de apontar que o PAICV perderia a maioria absoluta, o estudo não reflecte o “desgaste natural” de um partido que está no poder há quase uma década e meia. Antes pelo contrário.
Os dados sugerem duas leituras: uma no sentido de que haverá renovação de esperança no PAICV com a eleição e o trabalho da nova presidente; outra poderá indicar que a linha de oposição seguida tanto pelo MpD como pela UCID não estará a produzir resultados junto do eleitorado.
O certo é que, quando questionados qual o partido que parece mais bem preparado para governar Cabo Verde na próxima legislatura, os inquiridos da MGF Research dão mais um voto de confiança ao PAICV. Dos 3006 entrevistados por telefone, 1141 (38%) dizem confiar no partido agora liderado por Janira Hopffer Almada; 915 (30.4%) colocam-se ao lado do MpD e 89 (3%) acreditam na UCID.
Governo positivo
Quanto à avaliação global atribuída ao Governo, a maioria dos inquiridos (43,3%) dá nota positiva ao executivo de José Maria Neves, sendo que 3,7% faz uma avaliação muito positiva. Dos restantes, 21,7% considera “normal” o desempenho; um quarto dos entrevistados (25,4%) opta pela nota negativa e 4,4% avalia de forma muito negativa o actual executivo.
Em termos quantitativos, os intervalos de notas que mais prevalecem na avaliação do governo situam-se entre 10 e 13 valores (34,5%); de 14 a 17 valores (25, 9%) e de 0 a 9 (23%). Ou seja, de um modo geral, o desempenho do Executivo merece nota positiva dos inquiridos, sendo infra-estruturas (23,4%), educação (16,7%), barragens (14,7%) e agricultura (12,2%) citadas como as áreas nos quais o governo actuou melhor.
Por outro lado, o estudo confirma que o que os entrevistados mais criticam é o nível de desemprego no país. Mais de 38% (38,4%) dos inquiridos consideram esse o campo mais crítico da governação, estando muito à frente de segurança ou falta dela (área crítica para 12,7%) e da saúde (8,8%).
Em relação às expectativas para o futuro, 80% dos entrevistados acreditam que daqui a um ano estarão a viver melhor, tanto em termos individuais como familiares. Desde logo, mais de 50% diz-se satisfeito com a vida que leva actualmente.
Outro dado interessante do citado estudo é de que cerca de 75% dos inquiridos dizem estar seguros de que vão votar nas próximas eleições e 10% fica por “talvez sim”. Isso quer dizer que a esmagadora maioria dos entrevistados não abre mão de exercer o direito cívico, embora a sondagem indique que, se as eleições fossem realizadas à data referenciada, o nível de abstenção situar-se-ia nos 27%.
Amostra
A MGF Research validou 3006 entrevistas telefónicas de um total de 11.660 contactos efectuados em todos os círculos eleitorais do país. O processo de recolha de informação decorreu da seguinte forma: primeiro, o entrevistador selecciona a região (Ilha) e o concelho onde realiza a entrevista; segundo, o computador automaticamente selecciona e apresenta um número de telefone no écran.
Esse número é digitado pelo entrevistador no aparelho telefónico. Feita a tentativa de contacto com o lar, o entrevistador aguarda pelo resultado e dá sequência ao trabalho. A margem de erro estatístico máximo da amostragem total para esta vaga do estudo é de ± 1,8%, para um intervalo de confiança de 95%.
MGF Research aponta vitória ao PAICV sem maioria absoluta
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