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Economia

TACV: Accionista Estado quer Assembleia-geral de emergência

O Estado solicitou a convocação, de emergência, da assembleia-geral da TACV para analisar questões relacionadas com a gestão financeira e aspectos operacionais da companhia. Nos últimos dias têm vindo a público denúncias que dão conta de situações de má gestão, com reflexos na imagem da empresa. João Pereira Silva, PCA da TACV, diz que está à espera da reunião desde Março.
Mesmo perante a contínua injeção de capitais, a TACV não dá mostras de sair do vermelho. Antes pelo contrário, a empresa está cada vez mais atolada em dívidas que, para além de comprometer a sua operabilidade, coloca a imagem do país em causa.
Sendo uma das poucas companhias africanas que voa para os Estados Unidos da América (EUA) e para diversos destinos da Europa, a TACV corre o risco de desconstruir tudo o que foi feito até agora em termos de imagem, por causa do incumprimento junto de diversos fornecedores e prestadores de serviço, tanto em Cabo Verde com no estrangeiro.
O Estado, como único accionista da empresa, e diante do quadro em que esta parece voar, resolveu entrar em cena. Solicitou uma reunião imediata da Assembleia-geral para tomar pulso à situação actual da TACV, em matéria da sua gestão e financeira e operacional, para que possa adoptar medidas correctivas no sentido de tentar inverter a situação.
Depois da polémica em torno da mudança dos voos para os EUA do aeroporto de Boston para Providence e, mais tarde, com a suspensão do referido voo, alegando a necessidade da manutenção do boeing Imigranti, a TACV volta a estar na berlinda por motivos diversos. Estes vão desde dívidas a terceiros, como a gestão da frota e dos recursos humanos.
No dia 15 deste mês, todos voos domésticos foram cancelados porque, segundo notícias vindas a público, a companhia não tinha pago à empresa proprietária do software Jeppesen, que é responsável pelos planos de voo domésticos e, por tal razão, os passageiros foram enviados para hotéis, mais uma vez, com custos adicionais para uma tesouraria de si debilitada.
Ainda segundo uma fonte bem posicionada, “há sérios riscos” de os aviões da TACV serem arrestados em aeroportos internacionais, tendo em conta o avolumar da dívida relacionada com o leasing dos aparelhos e também com fornecedores e prestadores de serviço. “Esperemos que isso não venha a acontecer porque seria uma machadada para a imagem do país e com consequências nefastas para a companhia aérea de bandeira”.
Ainda segundo o nosso interlocutor, os erros de gestão da actual administração da empresa têm tido reflexos “muito negativos” junto dos passageiros, que já estão preferir outras companhias em detrimento da TACV.
Para ilustrar essa quebra, diz que entre as linhas de Boston/Providence e Paris, a empresa perdeu 4.600 passageiros, o que representa mais de 300 mil contos em défice de tesouraria.
Nos voos domésticos o número de passageiros também “baixou consideravelmente”, estando a TACV “abaixo dos 300 mil”, bem longe do meio milhão de passageiros/ano que viajavam, em 2011, entre as ilhas de Cabo Verde.
Esta e outras situações ligadas à gestão da TACV vêm constituído alvo de preocupação dos trabalhadores da empresa. Os pilotos já deram a cara acusando o Governo de ser o principal responsável pela situação vivida na empresa.
O pilotos reuniram-se no dia 22 deste mês, de emergência, para discutir questões relacionadas com a paralisação dos voos e com o endividamento da TACV. “Se a empresa está a caminhar para a falência, como se fala, queremos saber o que se passa”, afirmou o comandante Eduino Moniz no fim da reunião, sublinhando que “o próprio Governo nos tem que dar uma satisfação”.
Os pilotos acusam a administração da TACV pela má gestão da empresa e pela falta de diálogo com os trabalhadores da companhia. Entretanto, garantem, que a greve “está fora de questão”.
Despesas superiores às receitas
Uma fonte do Governo confidenciou ao A NAÇÃO que uma medida urgente é acudir, de novo, financeiramente, a TACV, ajudando-a a pagar as suas dívidas mais urgentes, sendo certo que, apesar de todas as injeções ocorridas até aqui, “as despesas continuam superiores às receitas, e sempre que se tenta reestruturar a companhia há resistências internas”.
Para a mesma fonte, só com a privatização da TACV será possível resolver, em definitivo, os crónicos problemas da companhia. “Mas para isso é necessário um parceiro externo, coisa que procuramos estes anos todos, mas sem sucesso, já que a empresa é pequena, os problemas são enormes, desde logo um elevado número de funcionários. Por agora, a única saída possível é manter a empresa até às eleições, em Março, altura em que o próximo Governo irá decidir o que fazer”, concluiu.
 

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