“O papel do arquitecto na futura colonização de Marte” é o projecto criado pelo estudante cabo-verdiano de arquitectura e urbanismo, no Brasil, Misael Benrós, de 21 anos. Um projecto resultante do Trabalho Final de Graduação, (TFG) que o estudante espera concretizar. “A meta, agora, é trabalhar para a NASA ou outra agência espacial para que a ideia permita a permanência de humanos em Marte, com o objectivo de pesquisa”, assegura o autor.
Nascido no Mindelo (São Vicente) e crescido na Praia, Misael Benrós chegou ao Brasil em Fevereiro de 2012, para estudar arquitectura e urbanismo, na Universidade Izabel Hendrix, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Logo se destacou na sua turma, o que lhe rendeu uma segunda bolsa, esta de mérito, “concedida aos alunos com alto desempenho académico e participação nas actividades extra-curriculares”.
O projecto, que tem como fundamento “o papel do arquitecto na futura colonização de Marte”, é consequência de um trabalho anterior. A monografia, concluída no semestre passado, que teve como tema “Estudos dos melhores materiais e sistemas construtivos para uma futura colonização de Marte”, tratou-se de uma espécie de “protótipo” do seu TFG, tendo atingido a nota máxima.
“Logo a seguir comecei a trabalhar para empregar os conhecimentos que adquiri durante a pesquisa da monografia para projectar uma ‘Estação internacional de pesquisa científica em Marte’”, explica. O projecto, que vai já na sua fase final, tem tudo para dar certo, assegura o autor: “Trabalhei nos mínimos detalhes para que pudesse ser fisica e economicamente viável”.
O projecto
O projecto de “Arquitectura Espacial em Marte”, desenvolvido por Misael Benros, começou a ser preparado “informalmente” no início de 2013 quando iniciava o segundo ano do curso, mas foi apenas em Janeiro de 2015 que começou a ser desenvolvido “formalmente”.
Questionado sobre o porquê de ter escolhido Marte para trabalhar, Misael Benros é taxativo: “Sempre gostei de astronomia, física, cosmologia e astrofísica, além de ser apaixonado pela arquitectura. Então resolvi que iria juntar duas coisas que gosto, além de que a possibilidade de ser algo desafiante é um extra incentivo para mim”.
Mas porque nem tudo são rosas, e nem sempre o que é novo é imediatamente aceite por todos, Misael conta que algumas pessoas “torceram o nariz” quando apresentou o projecto. “O tema fica fora da área de conforto de muitos arquitectos, até por ser um ‘challenge’ para a tradicional forma de ensinar e aprender arquitectura, então, é compreensível que seria incómodo para algumas pessoas”, revela.
Mas Benros também encontrou apoios. “Todos os professores e colegas que chegaram a entrar em contacto com o projecto e se permitiram quebrar alguns paradigmas intelectuais, compreenderam a complexidade do mesmo e apoiaram no que puderam”, ressalta.
Dificuldades
As dificuldade para chegar até aqui foram várias, diz Misael Benros. “A maior dificuldade… diria tudo. Marte possui condições físicas e climáticas mais hostis do que qualquer ambiente da Terra, além de que a logística da chegada e se manter vivo ali deve ser abordado no projecto arquitectónico”, explica.
Porém, ultrapassadas todas as dificuldades, e estando o projecto já na sua fase de acabamento, o autor diz que agora é a hora de correr atrás para fazê-lo realizar-se.
“Pretendo apresentar o projecto a alguns arquitectos de renome internacional, incluindo um arquitecto espacial que já fez projectos para a NASA. Já estão a par do meu projecto e se interessaram muito pelas propostas que desenvolvi, pedindo até que a minha pesquisa monográfica fosse utilizada em uma conferência em Los Angeles sobre colonização de Marte”, conta entusiasmado, ao mesmo tempo que revela que esta é, entre outras, a melhor forma de consegui financiamento para o projecto.
“Devido às grandes dificuldades que se encontram para colonizar outro planeta, o financiamento para que o meu projecto seja realizado tem que ser a nível de grandes empresas e colaboração, de modo que, se a minha proposta for aceite, como a melhor solução, provavelmente, terá um grande número de países e empresa interessadas no seu financiamento”.
Experiência profissional
Com apenas 21 anos e ainda sem concluir a licenciatura, Misael Benros já possui uma experiência profissional bastante rica. “Já trabalhei em escritórios de arquitectura tanto no Brasil como nos EUA. Trabalhei nos EUA, durante as minhas férias, entre Dezembro de 2014 e Janeiro de 2015. Lá, em conjunto com mais cinco escritórios de arquitectura, participamos de um concurso internacional de arquitectura, com o foco no crescimento urbano sustentável”, conta.
Agora, o próximo passo, após a conclusão da licenciatura e apresentação do projecto, é “fazer o mestrado em alguma universidade de renome nos EUA”, afirma.
Recentemente, Misael Benrós foi convidado para apresentar o projecto “Arquitectura Espacial” em duas universidades, a começar pela sua, a Izabela Hendrix, no próximo dia 1 de Outubro, e, no dia seguinte (02) na Pontífica Universidade Católica (PUC), também em Belo Horizonte. “Se consegui projectar para esses lugares, consigo projectar em qualquer lugar da Terra”, assegura o jovem cabo-verdiano.
Estudante cabo-verdiano cria projecto de arquitectura espacial em Marte
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