Entre 80 a 100 cientistas debatem em novembro em Cabo Verde as causas, consequências e fazer a gestão dos riscos vulcânicos, num evento também para assinalar o primeiro ano da erupção na ilha cabo-verdiana do Fogo.
Em declarações à agência Lusa, os professores da Universidade de Cabo Verde (Uni-CV) Sónia Silva Vitória, Nadir Cardoso e José Manuel Pereira indicaram que a conferência, que se realiza de 20 a 24 de novembro, terá ainda como objetivo fazer com que a sociedade cabo-verdiana esteja cada vez mais informada e preparada para enfrentar situações do género.
“Os cientistas têm um dever social de fazer chegar a informação cada vez mais às populações, aos jovens, às crianças, para estarem melhor preparados para os casos de erupções”, salientou Sónia Silva Vitória, que acompanhou a erupção vulcânica na ilha do Fogo, que começou a 24 de novembro de 2014 e foi declarada terminada a 07 de fevereiro de 2015.
“Em termos científicos podemos tentar traduzir numa linguagem mais acessível que chegue até ao simples cidadão. Desmistificar um pouco o que é uma erupção vulcânica e tirar um pouco do medo, mas isso não quer dizer que devemos estar debaixo da erupção”, referiu a geóloga cabo-verdiana, também do Observatório Vulcanológico de Cabo Verde (OVCV).
Questionada pela Lusa sobre como as populações locais, sobretudo as deslocadas, poderão aproveitar da conferência, Sónia Vitória insistiu que a sociedade tem de estar cada vez mais informada e melhor preparada para os eventos extremos, sobretudo para perceber as causas.
Segundo o professor José Manuel Pereira, vão estar presentes entre 80 a 100 cientistas e investigadores cabo-verdianos e estrangeiros, que vão debater e analisar não só a erupção do Fogo, mas também algumas perspetivas sobre as erupções vulcânicas no sentido geral.
Durante os dois primeiros dias – 20 e 21 de novembro – serão realizadas trabalho de campo, com visitas ao vulcão do Fogo e às populações deslocadas, no dia 22 farão uma pausa e nos dias 23 e 24 serão realizadas as apresentações na Cidade da Praia.
Neste momento, completou Nadir Cardoso, a Uni-CV tem uma equipa a fazer a monitorização geoquímica dos gases extraídos do vulcão para tratamento na Universidade das Canárias, com quem a Uni-CV tem um protocolo de cooperação.
Quanto aos riscos neste momento, alertaram os professores, é o desabamento de rochas, mas o Serviço Nacional de Proteção Civil (SNPC) cabo-verdiano tem alertado as pessoas para não se aproximarem muito do vulcão.
A conferência será organizada pela Uni-CV, os Ministérios do Ensino Superior, Ciência e Inovação e da Administração Interna cabo-verdiana e o SNPC. Serão convidadas câmaras municipais, organizações da sociedade civil e população local.
A conferência está a ser promovida na página na Internet http://www.unicv.edu.cv/index.php/pt/conference-fogoeruption.
Esta última erupção vulcânica na ilha do Fogo desalojou cerca de 1.500 pessoas e causou prejuízos avaliados pelo Governo cabo-verdiano em cerca de 45 milhões de euros.
Cientistas reúnem-se em Cabo Verde para debater erupções
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