Alfredo Chantre*
Para quem queira dias melhores é sempre importante que durma mais cedo, para também poder acordar-se bem. O sono, sem dúvidas, é a redução da atividade, o fecho dos olhos, a hipotonicidade dos músculos, a baixa da reactividade aos estímulos externos… Durante o sono, as funções mentais sofrem uma reorganização progressiva até a perda da consciência do mundo ambiente. Mas, falemos também sobre o efeito que o despertador (o relógio) pode provocar ao sistema nervoso e concretamente ao cérebro.
O ideal seria dispensar a utilização de despertadores. A principal razão é que os equipamentos podem interromper ciclos do sono, o que não é nada saudável. Acordar no meio de um ciclo pode causar taquicardia, além de gerar uma mudança muito abrupta na atividade cerebral.
Há alguns estudos sendo feitos em universidades europeias e norte-americanas para a criação de dispositivos capazes de monitorar a atividade do organismo e ativar um despertador apenas quando todos os ciclos do sono tiverem sido concluídos. Isso evitaria, inclusive, que os ciclos fossem prolongados e as pessoas dormissem além do necessário. Para se acostumar a deixar o despertador de lado, comece a deitar com mais antecedência e deixe o relógio programado para despertar um pouco depois do que seria o normal. Isso, após ter-se habituado com o despertador durante alguns dias programando-o para uma determinada hora certa. Em alguns dias, você verá que despertar sem a utilização de recursos artificiais ficará mais fácil.
O corpo humano funciona como um grande relógio, ou, melhor ainda, um conglomerado de relógios sincronizados determinando a hora de acordar, conversar, comer, dormir, etc.
Estamos de tal forma habituados a este relógio interno, que muitas vezes sequer lembramos de sua existência. Ele governa-nos com um ciclo que é correspondente ao tempo de uma rotação terrestre. Cada ciclo de 24 horas influencia uma função do nosso corpo: temperatura, níveis hormonais, ritmo cardíaco, pressão arterial e até mesmo sensibilidade à dor.
O ritmo circadiano mantem o corpo alerta durante as horas de claridade (dia) e ajuda-o a relaxar à noite. É capaz até mesmo de nos acordar pela manhã quando esquecemos de ligar o alarme no relógio da cabeceira. Infelizmente, ele também nos acorda nos dias em que poderíamos dormir até um pouco mais tarde…
Outro fator está relacionado à alimentação: não coma nada pesado durante a noite. Dessa forma, o sono não será interrompido por necessidades fisiológicas. Segundo a nutricionista funcional Daniela Jobst, alimentos muito pesados ou gordurosos ingeridos próximo ao horário de dormir são um dos maiores inimigos de uma boa noite de sono. “É bom evitar carne vermelha, gordura, coisas com creme ou muito queijo. Senão, o corpo gastará energia para fazer a digestão e não para garantir o sono”, explica. Portanto, a pizza cheia de queijo no jantar deve-se restringir a poucas ocasiões se o objetivo for dormir melhor. O leite morno, quinze minutos antes de se dormir ajuda a um sono tranquilo.
Mas, não só os alimentos estão nessa arena para a qualidade do sono, curiosamente e ainda bem, o sexo faz relaxar os envolventes e estimula um bom sono. Após o acto sexual os dois poderiam dormir cada um em sua cama, mas também é só voltar e dormir com “um até amanhã” e acordar com um beijo, ainda sem escovar os dentes.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca o tema colocando a atividade sexual como um dos grandes fatores que medem o nível de qualidade de vida do ser humano. A prática faz a pessoa se sentir melhor física e psicologicamente. O corpo solta a famosa endorfina, que mexe com os mecanismos do cérebro que controlam o humor, a resistência ao stress e à dor e estimula as sensações de prazer no corpo.
“O sexo na medida certa é essencial e é facilmente observado naqueles pacientes que apresentam problemas sexuais como disfunção erétil e ejaculação precoce em homens, e anorgasmia (atraso ou ausência persistente recorrente do orgasmo) e baixa da libido em mulheres. Estes pacientes frequentemente apresentam-se depressivos, ansiosos, com interferências negativas no seu trabalho e principalmente no relacionamento afetivo por conta do problema sexual”, afirma o urologista e andrologista, Cláudio Gorga.
Uma pesquisa realizada pela Universidade de Nova York, nos Estados Unidos da América, mostra que a prática da atividade sexual pode melhorar o sistema imunológico, suprimir a dor, reduzir a enxaqueca e trazer inúmeros benefícios psicológicos. “A atividade sexual, sem dúvida, é um ingrediente essencial no bem-estar das pessoas, na redução do stress e diminuição das tensões, o que é muito importante para viver mais”, sustenta o já citado Cláudio Gorga.
O médico, ainda explica que o sono, a longevidade e o emagrecimento também são fatores beneficiados pelo sexo. Após o ato, há libertação de alguns neurotransmissores (inclusive melatonina) que facilitam o sono e ajudam o corpo a relaxar. O sexo também ajuda a queimar as famosas gordurinhas, uma vez que não deixa de ser uma atividade física que exige o estímulo cardiovascular.
Mas, não poderia terminar o artigo sem referir que o escuro é um fator determinante para um sono tranquilo. A principal razão para se dormir na escuridão é o aumento dos níveis de melatonina, um hormônio essencial para a regulação do sono e suas consequentes melhorias no organismo. Ele é libertado pelo corpo, de acordo com a luminosidade do ambiente em que a pessoa estiver a dormir. O aminoácido triptofano ajuda a relaxar e ter um sono mais tranquilo, advoga o especialista Thinkstock.
* Psicólogo