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Ambiente

Ribeirinha (São Vicente): Moradores ávidos por ter água canalizada em casa

Moradores da Ribeirinha já estão ansiosos por ter água canalizada em casa. Uma esperança agora renovada com os trabalhos, que já passam à porta de casa, de expansão de rede executados no quadro do financiamento do MCC (Millennium Challenge Corporation).
Vanda Lima é uma dessas moradoras de Ribeirinha/Lombo Cruzinha, que vive há 39 anos nessa zona e sempre passa por dificuldades para ter água em casa. “Temos cá uma sentina, mas, como são muitas pessoas que vão ali encher os seus bidões, às vezes em grande número, a água não chega para toda gente. Por isso, passamos semanas sem água em casa, mesmo estando horas a fio na fila”, afirma Vanda que encabeça uma família numerosa de mais de sete pessoas.
Pelo mesmo problema passa o idoso Augusto da Cruz, que gostaria de poder ver uma torneira a jorrar água em casa, antes de morrer. “Com a minha idade, 73 anos, já não consigo carregar água da sentina, só posso ter acesso se alguém for buscar por mim; mas defendo que todos merecem ter uma gota desse liquido precioso em casa”.
DIFICULDADES
No entanto, as dificuldades por que passam os moradores daquela zona periférica da cidade do Mindelo não persistem por falta de iniciativa para resolver essa situação. Há alguns anos Manuel Silva foi um daqueles que recolheu assinaturas para um abaixo-assinado, para que a rede de água chegasse até à zona. Isso acabou por se concretizar só em outras ruas e agora mesmo com a rede colocada em frente à casa mostra-se céptico em relação à ligação domiciliária.
“Agora é esperar para ver quanto tempo mais será preciso para ter essa realização. Mesmo assim, mais vale tarde do que nunca”, desabafa Manuel, que, tal como Vanda e Augusto, vê uma luz no fundo túnel de poder contar com água canalizada na sua residência.
OUTRAS CONTEMPLADAS
Assim como Ribeirinha, os trabalhos de expansão da rede de água contemplam várias outras zonas periurbanas e rurais da ilha de São Vicente, que estão enquadradas no projecto “WASH-Água, Saneamento e Higiene” financiado pelo fundo americano MCC-Millennium Challenge Corporation no seu programa MCA-Millennium Challenge Account CV II.
Uma das executantes da obra na ilha do Monte Cara é a Empreitel Figueiredo, vencedora em concurso do Fundo de Água e Saneamento (FASA). Conforme o engenheiro Luís Pinto, os trabalhos já decorrem desde Fevereiro deste ano com previsão de término para Novembro próximo. Segundo o mesmo responsável, a empresa prevê a colocação de 25.620 metros cúbicos lineares de condutas de água, orçados em 39 mil contos.
SANTO ANTÃO TAMBÉM
O FASA é complementado pelo Fundo de Acesso Social (FAS) gerido, nesse caso, pela Associação Amigos da Natureza que, além do concelho de São Vicente, responsabiliza-se pela ligação domiciliária ainda nos três concelhos de Santo Antão. Esse projecto social, como adianta o engenheiro Aguinaldo David, além de fazer a ligação de água chegar ao “ponto de uso”, também disponibiliza aos que não têm loiças sanitárias nas casas de banho. Antes exigia-se o pagamento de 20 por cento por parte dos moradores, mas agora menos.
“Vendo as dificuldades das pessoas, negociamos com a Electra para sermos nós a pagar o ramalho, e assim as pessoas beneficiadas só pagam o contrato, que será somente de pouco mais de mil escudos e também participam na escavação do roço para a ligação ao esgoto”, explica o engenheiro responsável.
Segundo David, o FAS já está a ser implementado desde Fevereiro último e os Amigos da Natureza pretendem que a conclusão até ao final deste mês de Agosto, no conjunto de mais de cem ligações, orçados em 51 mil contos.
O desembolso dos 4,7 milhões de dólares pelo MCA-Millennium Challenge Account CV II estão canalizados maioritariamente para projectos de infra-estruturação nas áreas de água e saneamento em seis ilhas do país. Para além de São Vicente e Santo Antão, estão contemplados Santiago, Sal, Fogo e Brava.

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