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Sociedade

28 mortes nas águas cabo-verdianas só este ano

A morte de seis jovens numa praia na ilha de São Nicolau elevou para 28 só este ano os óbitos nas águas do arquipélago, lançando o debate sobre a segurança nos transportes marítimos e nas praias.
A maior tragédia registada este ano nos mares de Cabo Verde aconteceu no início de janeiro, com o naufrágio do navio de passageiros e de carga Vicente, da companhia Tuninha, ao largo da ilha do Fogo.
O barco levava 21 tripulantes e cinco passageiros a bordo, tendo as autoridades resgatados 11 sobreviventes e um cadáver, sendo que 14 corpos até agora não foram encontrados.
Também no mês de janeiro, três pescadores desapareceram nos mares da ilha do Sal e até agora também não foram localizados.
No feriado de 01 de maio, um jovem de 23 anos, que participava em um passeio com um grupo de amigos, morreu afogado no mar de Fiúra, na ilha do Sal.
Um mês depois, um professor liceal e dois alunos morreram afogados no mar de Tarrafal, norte da ilha de Santiago durante um passeio. O professor foi tentar salvar os dois adolescentes, um rapaz e uma rapariga, mas os três morreram afogados.
Em declarações à agência Lusa, o capitão dos Portos do Barlavento, António Duarte Monteiro, começou por sublinhar que as 28 mortes registadas nos mares cabo-verdianos só este ano foram em acidentes diferentes, mas lançaram o debate no país sobre a segurança nos transportes marítimos e nas praias do arquipélago.
Relativamente ao incidente de domingo na ilha de São Nicolau, que provocou a morte de seis adolescentes – um ainda está desaparecido – António Monteiro informou que a praia da Prainha é sinalizada como perigosa e interdita para banhos, mas as pessoas insistem em a frequentar.
O responsável avançou, por isso, que a Agência Marítima e Portuária (AMP) vai reforçar a sinalização nesta e noutras praias perigosas, com dizeres “mais contundentes e mais assertivos” para dissuadir as pessoas para o banho.
“A Prainha é considerada uma praia perigosa, traiçoeira. Inclusive eu que sou natural de São Nicolau sei da fama daquela praia, com muitos bancos de areia que podem surpreender qualquer pessoa. Infelizmente as pessoas continuam a ir banhar-se ali”, lamentou.
Questionado se há alguma punição para quem insiste em desafiar as autoridades e colocar a sua própria vida em risco, António Monteiro esclareceu que a lei não prevê qualquer penalização, porque banhar-se numa praia perigosa não é considerado crime ou suicídio premeditado.
Todavia, aconselha as pessoas a respeitarem a sinalização e os nadadores-salvadores, no caso das praias balneares, e também a levar algum equipamento de salvamento, como boia, cabos, pranchas, e a não irem sozinhas.
Muitas das mortes acontecem quando há alguma tentativa de salvamento, pelo que António Monteiro disse que só se pode ir salvar alguém quando se tem a certeza absoluta que o pode fazer em segurança.
“Às vezes os casos acontecem tão depressa e envolvem familiares, amigos próximos ou conhecidos e as pessoas não resistem em tentar ajudar. Mas devem fazê-lo em segurança, tomar os cuidados necessários”, alertou.
Reconhecendo que as mortes e os acidentes nas praias e nos mares cabo-verdianos vão continuar, não fosse Cabo Verde um arquipélago, António Monteiro considerou que se pode reduzir a sinistralidade com “pequenos cuidados”.
Sobre as mortes dos seis adolescentes em São Nicolau, tanto o Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, como o Governo e as câmaras municipais já lamentaram a tragédia.
Fonte: Lusa

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