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Santo Antão

Porto Novo: Autoridades tentam sem sucesso localizar familiares do indigente português

As autoridades portuguesas não conseguiram localizar em Portugal familiares de Manuel da Silva, natural de Lisboa, e que se tornou indigente no Porto Novo, Santo Antão. O caso está a revelar-se difícil de resolver porquanto, apesar de estar ilegal em Cabo Verde, Manuel recusa-se a aceitar apoio da embaixada de Portugal para um retorno voluntário ao seu país de origem.
O representante consular de Portugal em Cabo Verde, João Mendes, garantiu ao A NAÇÃO que já tentou convencer Manuel da Silva a regressar ao seu país, mas ele recusa-se a aceitar a ideia de abandonar Cabo Verde, dizendo que se encontra bem no Porto Novo. Mas as autoridades, tanto portuguesas como cabo-verdianas mostram-se preocupadas com o referido indivíduo porque têm informações de que ele começa a ter sinais de alguma perturbação mental e só sobrevive graças a apoios de particulares e da Câmara Municipal do Porto Novo (CMPN).
“Temos acompanhado o caso desde o início. As autoridades portuguesas já tentaram encontrar familiares do Sr. Manuel em Portugal, mas não encontraram ninguém próximo. E como ele nega-se a sair de Cabo Verde, pouco resta-nos a fazer a ser esperar pelas decisões das autoridades cabo-verdianas”, observa João Mendes.
APOIO CAMARÁRIO
Neste momento Manuel, de 44 anos, ocupa um quarto cedido provisoriamente pela CMPN na pousada municipal e faz as refeições no Centro Dia, mas antes ao Consulado Honorário de Portugal em São Vicente chegara a informação de que ele fazia recolha de resto de comida no lixo para se sustentar. Uma situação que leva pessoas no Porto Novo a acreditar que Manuel precisa de um tratamento médico especializado, pois, além de recorrer ao lixo, dá sinais visíveis de que algo afecta o seu estado. Por isso, há quem sugira que Manuel deveria ser internado nas estruturas de saúde.
E, havendo esse internamento, a embaixada de Portugal poderia assim tentar um repatriamento sanitário do cidadão, como assume João Mendes. De outra forma, só a Polícia de Fronteiras cabo-verdiana pode tomar a iniciativa de o expulsar do território nacional, tendo em conta o seu visto já caducou e está ilegal no país.
O certo é que como vive actualmente no Porto Novo, Manuel não pode continuar. De resto, a directora do serviço de acção social da CMPN, Neila Dongo, faz questão de referir que a sua instalação na pousada foi apenas por um curto período até encontrar outra solução, mesmo porque a Câmara não tem a vocação de acolher, por muito tempo, pessoas sem-abrigo.
ODISSEIA
Manuel desembarcou há meses em Cabo Verde supostamente para passar umas férias. O destino levou-o à cidade do Porto Novo, onde deambulou pelas ruas durante semanas, dormiu ao relento, até receber apoio logístico da CMPN. Chamou atenção dos serviços camarários quando, trajando roupas bastante gastas e sujas, dirigiu-se ao Paços do Concelho, pedindo para falar com a presidente Rosa Rocha.
Como a autarca não tinha disponibilidade na agenda para o receber naquele momento, Manuel foi encaminhado ao serviço que lhe deu a primeira assistência. Desde essa altura passou a viver na pousada municipal. Mas cedo começou a incomodar os vizinhos da pousada porque, além de falar sozinho o tempo inteiro, grita à noite.
Não se sabe ao certo como Manuel da Silva foi parar ao Porto Novo. Das coisas que diz aos funcionários camarários ficou o registo de que ele trabalhava na construção civil em Portugal e que gostaria de arranjar um trabalho no sector para se manter em Cabo Verde. Mas, ao que tudo indica, ele tinha uma passagem pela Suíça e agora não encontrando trabalho no Porto Novo terá mesmo de abandonar o país.

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