Os agricultores de sequeiro no interior da ilha Santiago já começaram a campanha agrícola com esperança numa boa azágua. Mas boa parte ainda não fez as primeiras sementeiras por causa dos macacos, galinhas do mato e animais à solta, que estão a invadir as zonas de cultivo.
Os camponeses do interior de Santiago, sobretudo nas zonas altas de Santa Catarina, estão preocupados com a quantidade de macacos e galinhas do mato que andam a invadir as suas parcelas agrícolas à procura de comida.
Por cauda desse facto, muitos dos agricultores que antes semeavam na primeira quinzena do mês de Julho, este ano, ainda não o fizeram. Muitos até ponderam lançar as sementes ao solo só depois das primeiras chuvas em quantidade suficiente para fazer germinar as plantas. Tudo isso para evitar uma segunda sementeira, uma vez que não há muitas sementes disponíveis, devido ao mau resultado agrícola verificado no ano passado.
Devido à pouca chuva registada no ano transato, os arbustos e outras plantas que servem para alimentar macacos e galinhas do mato não resistiram à seca. Em certos casos, foram até destruídos pelas “queimadas” dos camponeses. Conforme os agricultores, os bichos estão famintos e andam a deambular de um lado para outro, à procura de algo para comer. Por isso, nem as antigas tácticas, nomeadamente a colocação de espantalhos e pedras pesadas em cima das covas estão a surtir efeitos. Aqui, os macacos estão a afastar as pedras e a retirar os grãos. E as galinhas, por seu turno, estão a esgravatar o solo à procura dos mesmos grãos e insectos para sobreviverem.
No entanto, alguns dos agricultores que cultivam nas zonas baixas, sobretudo, nas proximidades das residências, já fizeram as primeiras sementeiras com a esperança numa boa azágua. Eduíno da Moura, na localidade da Achada Tossa, Santa Catarina, já semeou desde 30 de Junho com esperança num bom ano agrícola. “Os sinais do tempo são bons. Já semeei dois lugares; resta-me apenas um. Normalmente, faço sementeira antes das chuvas, porque as sementes devem aquecer no subsolo antes das chuvas. E, assim, quando a chuva vier vão levantar com força, e, nesta circunstância, têm mais capacidades para resistir à seca”, explica Da Moura.
MDR APOIA AGRICULTORES COM SEMENTES
O Ministério do Desenvolvimento Rural (MDR) vai apoiar, este ano, sete mil e vinte cinco famílias de agricultores vulneráveis que trabalham no sequeiro – a nível nacional -, com a distribuição de “kits” de sementes. Cada “kit” contém 13 litros de milho, dois de feijão-pedra e um litro e meio de bongolom.
Segundo o coordenador dos Serviços da Proteção Vegetal, Celestino Tavares, tal medida visa apoiar os agricultores mais vulneráveis, sobretudo, os das localidades que tiveram uma produção agrícola fraca ou nula, no ano anterior, e que, por isso mesmo, estão sem sementes e sem poder de compra.
“Em colaboração com as delegações do MDR nos concelhos que tiveram alguma produção agrícola, no ano passado, designadamente, em Santa Catarina (de Santiago) e na ilha do Fogo, fizemos a recolha de sementes junto dos agricultores que tiveram uma produção razoável para fazer testes de germinação e elas nasceram sem problemas. Com base nisso, vamos comprar as sementes nestes agricultores para distribuirmos os ‘kits’ aos mais necessitados para fazerem a sua faina”, nota Tavares.
Conforme Celestino Tavares, trata-se de um projecto financiado pela FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), no valor de 50 mil contos.
Ainda dentro deste projecto de apoio com sementes, os agricultores de regadio, sobretudo os das zonas que sofreram falta de água para rega, também vão receber sementes de plantas hortícolas. No domínio da pecuária, os criadores de cabra vão receber rações para as suas crias.
Azágua: Invasão de macacos e galinhas do mato atrasa sementeira
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