Há muito que a cachupa, a rainha da gastronomia cabo-verdiana, extravasou as fronteiras do arquipélago, mas é a primeira vez que são feitas quatro toneladas do prato típico numa única panela, para entrar nos recordes do Guinness.
Num tacho de 3,5 metros de diâmetro e 90 centímetros de altura, feito de inox e pesando 1,5 toneladas, ferveram durante seis horas as quatro toneladas de cachupa, a maior quantidade alguma vez feita de uma só vez em Cabo Verde, o dobro do inicialmente previsto e um recorde à espera ainda de ser homologado.
Um feito que fez a alegria os organizadores, a Escola de Hotelaria e Turismo de Cabo Verde (EHTCV), que disponibilizou mais de 120 alunos e 14 chefes de cozinha, e a Cavibel, Indústria de Bebidas que lançou o desafio no âmbito da 7ª edição do festival “Badja Ku Sol” (Dança com o Sol), que decorreu sábado e domingo na praia da Gamboa, na Cidade da Praia.
Ainda ofegante e com a voz rouca da azáfama da organização, Hernídia Tavares, diretora de Marketing da Cavibel, explicou à agência Lusa que a ideia surgiu em janeiro e que o objetivo é valorizar a cultura cabo-verdiana, juntando a música e a gastronomia do arquipélago.
“Na gastronomia, o que mais e melhor representa Cabo Verde é a cachupa. Não há melhor prato para levar o país ao Guinness”, sustentou, realçando que tudo foi feito sem qualquer experiência, mas que agora o país tem uma referência e um recorde de quatro toneladas de cachupa, que deram para servir cerca de dez mil doses.
Realçando a pronta colaboração da EHTCV, Hernídia Tavares, que não parava de receber beijos e abraços de felicitações, realçou o “entusiasmo e a alegria” dos alunos da escola, que, mesmo debaixo de um sol abrasador que se fez sentir na praia da Gamboa, mostraram o que andam a aprender.
A responsável entende que se a cachupa figurar no livro dos recordes do Guinness será uma mais-valia para o turismo. “Estamos a mexer com a economia do país”, garantiu, indicando que o custo inicial do projeto foi de cerca de cinco milhões de escudos (cerca de 45 mil euros).
Nádia Firmino, presidente da EHTCV, avançou que desde o início a escola recebeu o convite da Cavibel com maior entusiasmo e começou logo com o processo de preparação.
“Sexta-feira foi um dia muito bonito na escola, porque começamos o processo de corte dos legumes, carnes, peixe, etc. Foi muito bom ver a união dos alunos, professores, funcionários, coordenadores, direção”, recordou, dizendo que a escola tem a responsabilidade de promover a gastronomia cabo-verdiana.
Para Nádia Firmino, a EHTCV, inaugurada a 19 de julho de 2011, já “marcou o seu lugar” em Cabo Verde no que diz respeito à qualificação profissional no setor e a “maior cachupa do mundo” foi o maior desafio até agora em termos formativos e de mobilização dos alunos, que no fim bateram palmas, lançaram gritos de ordem, distribuíram beijos e abraços de orgulho de “dever cumprido”.
A confeção da cachupa foi acompanhada desde o início por um corpo de jurados, composto por jornalistas, juristas, empresários do ramo da restauração, agentes sanitários e técnicos de laboratório.
O porta-voz, Gil Landim, formado na área química industrial e laboratório, garantiu que a preparação ao ar livre respeitou todos os requisitos, desde higiene, segurança e controlo alimentar, e também peso dos cerca de 2,6 toneladas de ingredientes que foram colocados num único tacho.
Depois da degustação que se prolongou por várias horas na praia da Gamboa, Gil Landim, também técnico da Inspeção Geral das Atividades Económica (IGAE), indicou que agora será elaborado um relatório que será enviado ao Guinness para aprovar o recorde.
Mas a avaliar pelo entusiasmo dos milhares de festeiros e pelos comentários no areal, a cachupa já está aprovada. “Espetacular”, confirma um degustador. “Boa cachupa”, completa outro.
A “Maior Cachupa do Mundo” foi feita com 656,7 quilos de milho, 372,65 quilos de carne de porco, 346 quilos de frango, 248,3 quilos de feijão, 105,9 quilos de cenoura, 114,05 quilos de chouriço, 111,75 quilos de batata doce, 83,8 quilos de cebola, 89,55 quilos de couve, 68 quilos de peixe, 58 litros de azeite, 16,4 quilos de chouriço preto, 14,5 quilos de sal e 13 quilos de calda de tomate.
Fonte: Lusa
Cachupa, da presença constante na mesa dos cabo-verdianos aos recordes do Guiness
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