O primeiro-ministro, José Maria Neves, disse este sábado, em Lisboa, que o país saberá proteger a moeda cabo-verdiana de uma crise do euro, apesar de acreditar que as instituições europeias tudo farão para defender a moeda europeia.
Em declarações à agência Lusa no final de uma conferência internacional sobre a independência de Cabo Verde, que decorreu sábado, 11, em Lisboa, José Maria Neves admitiu que o governo cabo-verdiano está a acompanhar “com muita atenção” a situação europeia.
“Espero que não venha a haver consequências para Cabo Verde, de todo modo estamos a acompanhar com muita atenção as decisões das instituições europeias e acho que a Europa, particularmente a zona euro, irão fazer absolutamente tudo para proteger o euro e garantir a sua estabilidade”, defendeu.
No entanto, e independentemente da evolução da situação grega, o primeiro-ministro cabo-verdiano garantiu que o país saberá tomar as medidas políticas necessárias para proteger o escudo cabo-verdiano, já que a moeda está indexada ao euro.
“Neste momento temos vários cenários, mas confiamos num cenário mais plausível, que é o da protecção do euro e da sua estabilidade por parte das instituições europeias”, sublinhou.
Relativamente à cimeira europeia extraordinária de domingo, onde as propostas gregas vão ser discutidas, José Maria Neves frisou que espera que seja encontrada uma solução que permita, por um lado, a permanência da Grécia na União Europeia e, por outro, a estabilidade do euro.
Na intervenção que encerrou a conferência, o primeiro-ministro cabo-verdiano encerrou a conferência, José Maria Neves aproveitou para elogiar o processo de independência do país, sublinhando que, 40 anos depois, os cabo-verdianos se podem orgulhar de dizer que “valeu a pena”.
“Transformámos um país improvável num país possível e deve ser motivo de orgulho para todos nós o percurso que fizemos juntos”, afirmou, perante uma plateia de algumas dezenas de pessoas.
Apontou a “coragem”, a “generosidade” e o “sentido ético” da governação em 1975, lembrando a “grandeza moral e ética” de todos “aqueles jovens, formados por Amílcar Cabral” que deve ser valorizada, tendo em conta o percurso que o país conseguiu fazer.
“Se Cabo-Verde é considerado hoje um país onde as instituições funcionam, um pais com rigor e transparência na gestão da coisa pública, onde há ‘accountability’, onde há o respeito pela regras do jogo e das instituições é precisamente por causa desse património no início do exercício do poder em Cabo verde”, destacou.
Frisou que os desafios que hoje se colocam ao país “são muito maiores” e incitou a geração actual a continuar “esta caminhada com a mesma generosidade, com a mesma humildade” que os fundadores do país.
“Governar Cabo verde é uma questão eminentemente ética e é preciso um grande amor a Cabo verde, é preciso uma grande generosidade e é preciso também uma grande humildade e só os grandes conseguem ser humildes”, apontou.
Por último, defendeu a importância de todos os cabo-verdianos para continuarem a construção do país, valorizando a diversidade de ideias, a pluralidade de opiniões.
“Unindo as ilhas, atlânticas e africanas e as ilhas da diáspora para construirmos esta grande nação respeitada no mundo inteiro”, rematou.
Cabo-Verde preparado para proteger moeda em caso de crise do euro – PM
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